4 de fevereiro de 2018

Contra a educação

OPINIÃO


Bryan  Caplan defende em livro o corte de verbas para a educação 

4.fev.2018 , Folha de S.Paulo

Sala da escola estadual Antônio Vieira de Souza, em Guarulhos, na Grande São Paulo; autor de livro defende o corte de verbas para a educação
Sala da escola estadual Antônio Vieira de Souza, em Guarulhos, na Grande São Paulo; autor de livro defende o corte de verbas para a educação - Rivaldo Gomes/Folhapress
Precisamos cortar as verbas para a educação. Essa é uma posição incomum, mas Bryan Caplan é um autor incomum. É isso o que ele defende em seu mais recente livro, "The Case Against Education" (o caso contra a educação).
Caplan, para quem não conhece, é um misto de economista libertário com agente provocador dotado de excelente senso de humor e talento para a estatística. Obras anteriores suas trataram de democracia (ela não funciona porque dá ao povo exatamente o que ele quer) e paternidade (o que de melhor você pode fazer pelo seu filho é encontrar um cônjuge com bons genes para gerá-lo). Agora ele volta suas baterias contra o sistema educacional.
O ponto central de Caplan é que a educação serve mais para fornecer credenciais aos alunos que se formam do que para ensinar-lhes coisas úteis, que resultem em aumento de produtividade. É claro que as escolas até passam algumas habilidades básicas como o domínio da escrita e da matemática elementar, mas quase todo o resto são assuntos arbitrários que os estudantes não têm interesse em aprender e que esquecem logo depois da prova. Quantas pessoas efetivamente usam cálculo e trigonometria em seus empregos?
O sistema só sobrevive porque empregadores utilizam o diploma como uma espécie de teste de QI acrescido de provas de conformismo e capacidade de trabalhar em grupo (gente muito preguiçosa ou encrenqueira não resiste a quatro anos numa faculdade). É um bom negócio para as escolas, para quem se forma (que consegue melhores salários), para quem contrata (que terceiriza a avaliação), mas não tão bom para a sociedade que banca o sistema.
Caplan se apoia em muita estatística e antecipa muitas das críticas que você, leitor, já deve estar formulando. Ainda não sei bem o que achar do livro, especialmente de suas conclusões, mas é certo que o autor encontrou algo que merece nossa atenção.
Hélio Schwartsman
É bacharel em filosofia, publicou 'Pensando Bem...' (Editora Contexto) em 2016.

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