17 de maio de 2017

O que diz um estudo do Google sobre desigualdade de gênero no cinema americano


Juliana Domingos de Lima 17 Mai 2017  
Software criado por pesquisadores mede tempo de fala e de presença das mulheres nas telas

 FOTO: REPRODUÇÃO ATRIZES SUSAN SARANDON E GEENA DAVIS EM CENA DE ‘THELMA & LOUISE’, DE RIDLEY SCOTT. ELAS SÃO AS PROTAGONISTAS DO FILME DE 1991

 Hollywood está mentindo para si mesma no que diz respeito a como o público recebe a representação de minorias nas telas de cinema. É o que sustenta um artigo publicado no jornal “The New York Times” do dia 2 de maio. Segundo o texto, a justificativa de que produções estreladas por mulheres não vendem ou de que filmes focados em histórias de minorias raciais vão mal no exterior, usada pela indústria para rebater críticas em torno da falta de representatividade em suas produções, tem sido rebatida por dados. Entre os 100 filmes mais lucrativos lançados entre 2014 e 2016 nos EUA, aqueles protagonizados por mulheres ganharam 16% a mais em bilheteria, de acordo com um estudo feito pelo Instituto Geena Davis, voltado à presença das mulheres na mídia. 
Em 2017, o filme “Estrelas Além do Tempo”, que conta a história de cientistas negras que trabalharam na Nasa pela corrida espacial nos anos 1960, se tornou a produção com maior bilheteria entre os indicados ao Oscar de Melhor Filme. Ainda assim, a desigualdade entre homens e mulheres nas telas persiste. Um levantamento do Nexo sobre as oito produções indicadas ao Oscar de Melhor Filme de 2016 mostra a predominância, nos roteiros, de falas de personagens homens. O Google, em parceria com o Instituto Geena Davis e pesquisadores de engenharia da Universidade do Sul da Califórnia, desenvolveu um software para identificar o gênero e as falas dos personagens. O objetivo era analisar a presença das mulheres nas produções hollywoodianas — levando em conta, por exemplo, seu tempo na tela em relação aos homens e a duração da falas das personagens femininas. 
Os resultados foram apresentados em fevereiro. Quais são as principais descobertas Tendo como base a média de tempo na tela e tempo de fala dos 100 filmes de maior bilheteria nos EUA entre 2014 e 2016, homens são vistos e ouvidos quase duas vezes mais: 36% é o tempo na tela das mulheres 35% é o tempo de fala das mulheres em cena A porcentagem do tempo na tela é calculada em relação à duração do filme. A de fala, ao total de tempo em que os personagens falam. O único gênero cinematográfico em que as mulheres são mais vistas e ouvidas na tela do que os homens são os filmes de terror. 

PARTICIPAÇÃO FEMININA NOS FILMES 
Tendo como base a média de tempo na tela e tempo de fala nos filmes ganhadores do Oscar em 2015, em todas as categorias, exceto animações, elas mal aparecem: 32% é a porcentagem de tempo na tela que as mulheres representam nas produções premiadas pelo Oscar 27% é o tempo de falas das mulheres nos filmes premiados pelo Oscar Como o estudo foi feito Com o título “The women missing from the silver screen and the technology used to find them” (As mulheres que não estão nas telas e a tecnologia usada para encontrá-las, em uma tradução livre), a pesquisa mediu o tempo na tela rastreando os rostos presentes na imagem, identificando seu gênero e a duração de seu tempo total na tela para cada filme analisado, segundo a metodologia divulgada pelo Google.  Para a análise do tempo de fala, foi utilizado um programa que detecta a fala e em seguida classifica o falante como masculino e feminino. E, finalmente, para obter dados sobre a presença das mulheres por gênero cinematográfico e nos filmes premiados pelo Oscar, 300 filmes foram escaneados e submetidos ao “coeficiente de inclusão”, ferramenta criada pelos pesquisadores, batizadas de “GD-IQ” (quociente de inclusão Geena Davis). Segundo diz a própria Davis no estudo, atriz e coordenadora da organização, a ferramenta é revolucionária porque quantifica em tempo real a presença das mulheres em centenas de filmes, o que antes levaria meses para ser feito.

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/05/17/O-que-diz-um-estudo-do-Google-sobre-desigualdade-de-g%C3%AAnero-no-cinema-americano

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