27 de maio de 2017

APRENDENDO A EDUCAR


Bolsa de iniciação à docência ajuda a superar dificuldades

EVERTON LOPES BATISTA
DE SÃO PAULO
A estudante Jéssica Jorge, 26, nunca havia pensado em se tornar professora quando ingressou na graduação em Ciência e Tecnologia da Ufabc (Universidade Federal do ABC), na Grande São Paulo.
“Achava o trabalho muito difícil e sem amparo. Eu tinha resistência”, conta ela.
Tudo mudou após a convivência com os “pibidianos” -alunos de cursos que formam professores, as licenciaturas, e que participam do Pibid (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), financiado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), agência ligada ao MEC para incentivar a ciência e a formação docente.
Jéssica se matriculou em disciplinas da licenciatura e, em 2015, tornou-se ela também uma “pibidiana”.
“Depois de participar do programa, vi que as dificuldades podem ser superadas”, afirma a estudante.
Desde 2009, 170 mil estudantes em cerca de 280 faculdades e universidades já participaram do programa. Hoje, 72 mil alunos fazem parte da iniciativa. Todos recebem bolsa mensal de R$ 400.
Descrita por alunos e professores como “estágio ideal”, a bolsa coloca licenciandos por mais tempo na escola em relação ao estágio convencional. Eles observam e dão aulas com suporte e avaliação de um profissional mais experiente.
“É um programa que desconstrói e valoriza a profissão. Permite ao graduando vivenciar a prática docente e o cotidiano da escola e, também, dá espaço para reflexão e pesquisa”, afirma Meiri Miranda, coordenadora institucional do Pibid na Ufabc.
A reflexão e o maior contato com a escola são considerados pelo professor de física Yukyo Pereira Takahashi, 26, essenciais em sua formação.
Ele foi bolsista do Pibid durante sua graduação na Utfpr (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), em Curitiba, e leciona há quatro anos.
“O que vi nesse período me ajuda a enfrentar o cotidiano da profissão ainda hoje”, diz.
CORTES
O orçamento, que em 2009 era de R$ 20 milhões, teve seu pico em 2015, quando alcançou os R$ 514 milhões.
Em 2016, porém, o valor total ficou em R$ 493 milhões, uma queda de 5%.
A redução é reflexo da diminuição em cerca de 25% do orçamento da própria Capes.
Segundo Abilio Baeta Neves, presidente da instituição, o programa foi menos afetado do que outros. Ele descarta o fim da iniciativa e diz que a Capes trabalha pela valorização do Pibid em universidades. “O programa deve ser visto como parte da formação docente”, afirma.

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