19 de agosto de 2016

Brasil: País tem 20% da água da Terra e dá esgoto a apenas 48,6% da população


Luis Moura-15.jun.2016/WPP/Folhapress
Vista aérea da represa Jaguari-Jacareí, a principal do sistema Cantareira, no município de Joanópolis, no interior de São Paulo
Represa Jaguari-Jacareí, a principal do sistema Cantareira, em Joanópolis, no interior de SP

Um quinto das reservas de água do mundo estão no Brasil. E essa não é necessariamente uma boa notícia, nem para os brasileiros nem para o resto do mundo. A abundância de água está na matriz energética e se reflete no PIB. A economia brasileira depende fundamentalmente dela.
Cerca de 62 % da energia gerada aqui vem de usinas hidrelétricas e 72% da água para o consumo irriga a agricultura, ajudando a colocar o Brasil como o segundo maior exportador de alimentos do planeta.
Mesmo tão dependente, o país gerencia mal e trata muito mal a água, em todos os seus percursos. Não distribui de forma igualitária para o consumo em seu território. Não provê serviços de saneamento e tratamento de resíduos para grande parte da população. Lança cargas enormes de poluentes sem trato adequado em rios, com danos enormes para a saúde pública e o meio ambiente.
Apenas cerca de 48,6% dos brasileiros são atendidos por serviços de esgoto e só 39% dos domicílios têm serviço de tratamento de resíduos. A chamada cobertura nacional de água é de 82,5% da população. Entre os 40% mais pobres do país, 43% têm vaso sanitário ligado à rede de esgoto no domicílio. O dado é de 2013. A evolução existe, mas é lenta. Em 2004, eram 33%.
O desperdício é generalizado e de arrepiar. As empresas que distribuem água registram perdas de até 37% por causa de infraestrutura sucateada e falhas de administração. Os dados não são todos inéditos, mas estão contextualizados e analisados no Diagnóstico Sistemático de País, divulgado no último dia 3 de agosto, pelo Banco Mundial.
O estudo aponta as desigualdades na distribuição de água entre a população, a indústria e a agricultura. E alerta para o papel dramático da indústria na degradação ambiental, através do lançamento de efluentes com metais pesados e hidrocarbonetos, que contaminam regiões metropolitanas e forçam as cidades a buscar água em locais cada vez mais distantes, criando forte competição entre regiões.
O diagnóstico reforça a necessidade de políticas de proteção ambiental e considera que o país deve atentar para os impactos ambientais decorrentes da criação de polos industriais na região Nordeste. O aumento da demanda e a necessidade de universalizar os serviços exigiria melhor gestão dos recursos hídricos. 

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