15 de julho de 2016

O futuro depende de investimentos na Educação Infantil


15 de julho de 2016
Etapa é decisiva para a escolaridade, determinando taxas de produtividade, renda, violência e outros indicativos de desenvolvimento socioeconômico e de qualidade de vida

Fonte: O Globo (RJ)



Desde que a expressão ‘Brasil, um país do futuro’ foi consagrada pelo austríaco Stefan Zweig, em 1941, os brasileiros convivem com o sobe-e-desce de fracassos e avanços na tentativa de melhorar o amanhã. Mas poucas vezes houve oportunidade de mudança tão concreta como agora, com a conscientização crescente sobre o papel da Educação de qualidade, especialmente na fase da vida mais decisiva para o sucesso do cidadão e do “país do futuro”: a Primeira Infância.
Resultados incontestáveis. O futuro depende dos investimentos na Primeira Infância, que são decisivos para todos os passos seguintes da escolaridade, determinando taxas de produtividade, renda, violência e outros indicativos de desenvolvimento socioeconômico e de qualidade de vida.
À medida em que a ciência avança e o conhecimento aumenta, cai por terra a visão da Creche que só abriga o filho enquanto a mãe trabalha. O futuro depende muito mais de investimentos na primeira infância do que se poderia imaginar. Eles são decisivos para todos os passos seguintes da Escolaridade, que determina taxas de produtividade, renda, violência e outros indicativos de desenvolvimento socioeconômico e de qualidade de vida.

A neurociência já revelou que, até os quatro anos, a criança desenvolve mais da metade do potencial mental do adulto. Se isso não for suficiente para convencer governos e famílias de que não há dinheiro mais bem gasto, uma pesquisa de repercussão mundial feita nos Estados Unidos calculou que, para cada dólar investido na Educação infantil de qualidade, o país deixa de gastar 16,4 dólares com doença, pobreza e criminalidade.

O Hospital do Câncer de São Paulo descobriu, em 2004, que a baixa Escolaridade diminui também a probabilidade de uma pessoa detectar o câncer em tempo de se curar. Isso tem preço? Já o Ipea divulgou, este ano, que o aumento de 1% no número de jovens de 15 a 17 anos na Escola reduz em 2% a taxa de homicídios. O que não falta é pesquisa provando que a Educação infantil de qualidade é o principal motivador dos estudos na adolescência e na juventude. Ninguém mais tem dúvida sobre aonde está a raiz do problema.

O Brasil deu passos largos na oferta de vagas em Escolas, perseguindo os objetivos de universalização expressos no Plano Nacional de Educação (PNE). Entre as 20 grandes metas do PNE, de julho de 2014, nenhuma foi atingida, entre elas o acesso de todas as crianças de 4 e 5 anos à Escola. Ainda são 954 mil do lado de fora (Pnad 2014).

Tão ou mais surpreendente do que a falta de acesso é a baixa qualidade da Educação. Não é por acaso que somente 9% dos estudantes que concluem o Ensino médio têm aprendizado adequado em Matemática. Há algo muito errado no reino da Educação brasileira –e o erro começa exatamente onde não deveria: na Educação infantil.
A importância da Educação infantil de qualidade foi tema do Seminário Educação 360, realizado no dia 30 de junho, no Museu do Amanhã, no Rio. Ao todo, 16 especialistas de vários países apresentaram sugestões diversas, de salários mais altos à reforma na Previdência para redirecionar recursos às Creches. Também houve opiniões unânimes, como a necessidade de melhorar a formação de Professores, de concentrar recursos em crianças socialmente vulneráveis e de implantar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para promover equidade e qualidade na Educação infantil.

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