17 de agosto de 2015

Na crise, abismo racial americano persiste apesar do nível educacional


225304128 (1).jpgNOVA YORK - Mesmo com as mensalidades em alta, a recompensa por um diploma universitário continua a ser grande, elevando os ganhos ao longo da vida e protegendo muitos graduados contra os piores efeitos de uma crise econômica. Mas um novo estudo descobriu que para negros e hispânicos que frequentaram uma universidade este escudo está cheio de rachaduras, não conseguindo protegê-los contra crises de curto prazo e desafios de longo prazo.
— A tendência de longo prazo é chocantemente clara — afirma William R. Emmons, economista do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de St. Louis e um dos autores do estudo. — Graduados brancos e asiáticos se saem bem melhor do que seus colegas sem graduação, enquanto os graduados hispânicos e negros se saem proporcionalmente bem pior.
Um diploma universitário há muito é visto como um grande equalizador, um caminho para que as minorias consigam aproximar a distância que os separa dos brancos. Mas o relatório, que será divulgado na quarta-feira, gera dúvidas preocupantes sobre a habilidade de uma educação de nível superior reduzir o abismo de riqueza de base racial e étnica.
“O ensino superior por si só não pode nivelar o campo de jogo”, conclui o relatório.
Economistas enfatizam que negros e hispânicos com educação superior, em geral, ganham significativamente mais e estão numa posição melhor para acumular riqueza do que negros e hispânicos sem diploma de graduação. A renda média de um graduado em 2013 era pelo menos duas vezes maior e sua renda familiar média (que inclui elementos como casa, carro e poupança para aposentadoria) era de 3,5 a quatro vezes maior do que a de não graduados.
Mas enquanto quem se formava em uma faculdade tinha mais ativos, também sofria de forma desproporcional durante os períodos de dificuldades financeiras. De 1992 a 2013, o ganho médio dos negros quer terminaram a graduação caiu quase 56% (considerando a inflação). Comparativamente, o ganho médio dos brancos com graduação subiu 86% no mesmo período, que inclui três recessões — inclusive a que afetou duramente o país entre 2007 e 2009, com efeito devastador sobre o preço dos imóveis em muitas partes dos EUA. Graduados asiáticos se saíram ainda melhor, com ganho de quase 90% no período.
Para entender o quão decepcionante esses resultados são, é preciso olhar para o efeito durante o período sobre nos mesmos grupos, mas sem diplomas universitários. Negros sem graduação registraram uma queda de 3,8% na riqueza, em grande parte porque tinham muito menos a perder. Brancos que não se formaram na faculdade perderam quase 11%. Já a riqueza de asiáticos não graduados caiu mais de 44%.
Não há uma resposta simples para explicar o motivo de o diploma universitário não ter conseguido resguardar os ativos das famílias de grupos que pertencem a minorias. A persistência da discriminação e o tipo de formação e trabalho das minorias tiveram um papel importante para se chegar a esse cenário. Outro fator central é o alto nível de endividamento que muitos negros e hispânicos acumulam para alcançar o status de classe média.

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