29 de janeiro de 2015

O desafio de um bom ensino

Editorial: 

29 de janeiro de 2015
"A população tem clara percepção de que a Educação continua sendo um dos principais gargalos para o desenvolvimento do país", afirma jornal

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)



Para 85% dos brasileiros, a baixa qualidade do Ensino vai prejudicar o desenvolvimento do País. É o que revela a pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira - Educação básica, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entre os entrevistados com renda familiar acima de 10 salários mínimos, o porcentual sobe para 98%.
Os números mostram que a população tem clara percepção de que a Educação continua sendo um dos principais gargalos para o desenvolvimento do País. Segundo a pesquisa, para a qual foram entrevistadas 2.002 pessoas em 142 municípios, 67% dos brasileiros entendem que o País deveria oferecer mais cursos de Ensino médio que também ensinem uma profissão (curso conjugado com o Ensino profissionalizante). É a percepção de que a Educação atualmente oferecida aos jovens não os está qualificando de forma adequada para o exercício de uma profissão.
Por outro lado, para 31% dos entrevistados, os formados na Educação superior são pouco preparados ou despreparados para o mercado de trabalho. E, em relação à pesquisa anterior, realizada em 2010, diminuiu o porcentual das pessoas que consideram bem preparadas para o mercado de trabalho as pessoas com curso superior completo. Antes, eram 30%. Agora, são apenas 23%.
A pesquisa, cujo foco era a Educação básica (Ensino fundamental e médio), indica que existe uma percepção negativa da qualidade do Ensino desde o Ensino fundamental. Por exemplo, a maior parte da população brasileira (71%) acha que, no Brasil, os Alunos da Educação básica passam pouco tempo na Escola. Em relação ao Ensino público, o item que recebeu pior avaliação foi a segurança nas Escolas. Vê-se que os pais estão descontentes com o ambiente que os seus filhos encontram nas Escolas. E essa avaliação não deixa também de ser um indicativo de que há questões fora da sala de aula afetando a qualidade do Ensino. O pedagógico vai muito além do conteúdo a ser ensinado.
A respeito da participação dos pais, 80% dos entrevistados concordam que ela é muito importante para o desempenho Escolar dos Alunos. No entanto, a maioria entende que esse é um dos pontos fracos do Ensino público. Na percepção do brasileiro sobre os Professores, o relacionamento com os pais dos Alunos é o aspecto que recebeu pior avaliação, tanto no Ensino fundamental como no Ensino médio. Já em relação à capacidade de ensinar aos Alunos, os Professores foram relativamente bem avaliados (nota 7,1).
Quanto ao Ensino de conteúdo propriamente dito, dois terços dos brasileiros entendem que a Escola tem falhado ao ensinar português e matemática, disciplinas que – segundo a opinião dos entrevistados – são as mais importantes, tanto no Ensino fundamental como no Ensino médio. É um sinal de que há muito a melhorar, pois, quando se falha naquilo que é básico, todo o restante também padece. A pesquisa da CNI indica, como se vê, que a Educação continua sendo um gargalo para o País.
Não há desenvolvimento econômico e social sem uma Educação de qualidade. Oferecer um Ensino de qualidade é um desafio que precisa ser enfrentado urgente e responsavelmente. Se, nas décadas anteriores, houve um sério esforço no sentido da universalização do Ensino – ainda há crianças e adolescentes fora da Escola, mas o seu número vem caindo continuamente –, agora o desafio é a sua qualidade. E qualidade da Educação vai muito além de quantidade de recursos investidos.
No ano passado, aprovou-se o Plano Nacional de Educação 2014-2024, no qual se prevê que 10% do Produto Interno Bruto seja aplicado na área. Além de ser um porcentual utópico, ele não garante por si só a qualidade do Ensino. Logicamente, o País deverá sempre investir mais em Educação.
No entanto, é urgente uma melhor gestão do dinheiro público, além de metas pedagógicas claras, que permitam um acompanhamento efetivo da qualidade do Ensino. Um bom Ensino é essencial – tanto para o Brasil quanto para cada um dos brasileiros.

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