30 de setembro de 2014

Cientistas fazem homenagem a Luiz Hildebrando

terça-feira, 30 de setembro de 2014, Jornal da Ciencia

“Associar a investigação científica às questões sociais foi uma marca na vida de Luiz Hildebrando”
Em um clima de emoção, cientistas e amigos de Luiz Hildebrando Pereira da Silva – falecido na última quarta-feira (24) – se reuniram na noite de sexta-feira, 26, para fazer uma despedida do pesquisador reconhecido mundialmente pela sua atuação na medicina tropical e que sempre defendeu “o valor social da ciência”.
Organizada pelo presidente da Fundação Zerbini-Incor, Erney Camargo, coordenador científico da Fundação Conrado Wessel, a cerimônia reuniu cerca de 60 pessoas. Estiveram presentes personalidades como Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, e o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz.
Realizada em uma sala de reunião do prédio de um amigo de Hildebrando, no Itaim Bibi, região nobre de São Paulo, a homenagem de despedida ocorreu após o processo de cremação do corpo do cientista que faleceu em decorrência de falência múltiplas dos órgãos. Com 86 anos, Hildebrando, um dos maiores pesquisadores mundiais da malária, estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo do Instituto do Coração em São Paulo desde o dia 8 de setembro para tratamento de pneumonia.
Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1953, Hildebrando tinha como linhas de pesquisa a imunologia da malária falciparum, patologia e epidemiologia da malária, etiologia das diarreias infantis, etiologia viral dos processos infecciosos agudos e genética molecular da lisogenia do bacteriófago lambda.
Emocionado ao falar do amigo, Erney Camargo disse que a morte de Luiz Hildebrando deixa um vazio na Ciência. “A perda de Luiz é irreparável e insubstituível”, disse ele, também professor emérito do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) e professor emérito da Faculdade de Medicina da mesma universidade.

Memória
Segundo Erney Camargo, o encontro na última sexta-feira foi uma pequena reunião com amigos e familiares de Luiz Hildebrando para prestar homenagem à memória do cientista. “Foram reunidos amigos que pensaram junto com ele, como o FHC (Fernando Henrique Cardoso)”.
Com 79 anos, Erney Camargo começou a trabalhar com Luiz Hildebrando ainda na Faculdade de Medicina da USP, na década de 1950, quando era aluno do mestre da ciência. “Nosso primeiro trabalho foi sobre toxoplasmose e doenças de chagas”, disse Erney Camargo que após formado foi trabalhar no departamento de medicina da USP.
Conforme relata Camargo, Luiz Hildebrando foi o penúltimo discípulo do professor Samuel Pessoa (médico parasitologista – 1898/1976). Samuel acreditava na possibilidade de se fazer Ciência “com ótima qualidade” voltada aos problemas de saúde da população brasileira – doenças que vão da área de parasitologia a doenças endêmicas parasitárias, particularmente malária, amarelão, leishmaniose e doenças de chagas.
“Isso envolvia uma grande participação social dos problemas sociais e econômicos da população, o que casava muito bem com nossa visão política. Pois éramos todos de esquerda”, disse, ao recordar que Samuel foi candidato a deputado do partido comunista.
“Luiz Hildebrando era o discípulo direto de Samuel, teve a oportunidade de  acompanhar Samuel pelo interior do País, particularmente no Nordeste. E Eu fui o discípulo caçula de Samuel”, recorda.

Separados pelo golpe militar
Após o golpe militar, Luiz Hildebrando foi para França e Erney Camargo para os Estados Unidos e outros membros do grupo também foram para o exterior.  Alguns nem voltaram ao Brasil, após os anos de chumbo.
Luiz Hildebrando fez carreira no Instituto Pasteur, onde se aposentou. Quando voltou ao Brasil foi trabalhar na USP com Erney Camargo.
“Começamos um projeto conjunto sobre a malária em Rondônia, região com maior incidência de malária naquela época. O governo militar havia promovido grande migração para Rondônia a fim de colonizar a região. Foi uma iniciativa muito importante, mas não tomaram o cuidado necessário e houve uma explosão de malária em Rondônia”, disse.
Tal parceria deu origem ao Instituto de Pesquisa em Patologias Tropicais de Rondônia (Ipepatro), onde Luiz Hildebrando exercia o cargo de diretor presidente.
“Eu e o Luiz resolvemos montar um instituto para estudar exatamente a malária de Rondônia que tinha características muito especiais – explosiva e incontrolável.”
Assim, os dois especialistas ficaram com um pé em São Paulo e outro em Rondônia por algum tempo, até o momento em que Luiz Hildebrando decidiu ficar definitivamente na Rondônia.
Além de assumir o comando do Ipepatro, Luiz Hildebrando formou capital humano, sempre seguindo o legado de Samuel, de associar a investigação científica às questões sociais. “E nisso Luiz Hildebrando foi até o fim”, destaca Erney Camargo.

Disseminação do conhecimento
Discípulo de Luiz Hildebrando, Rodrigo Stabeli (38 anos), vice-presidente de pesquisa e laboratórios de referência da Fiocruz, faz questão de frisar que Luiz Hildebrando começou a trabalhar no Instituto Pasteur como epidemiologista e lá obteve conhecimento sobre a biologia molecular através do trabalho de François Jacob (falecido no ano passado), ganhador do prêmio Nobel de Medicina de 1965, para quem a biologia molecular pode ser utilizada também como possível controlador da malária.
Ao voltar ao Brasil, recorda Stabeli, Luiz Hildebrando não queria se tornar um “avô razinza” para cuidar de netos. Nesse caso, entendia que o conhecimento adquirido no Instituto Pasteur teria que ser disseminado para lugares necessitados. Foi assim que tomou a decisão de ir para Rondônia, onde podia desenvolver um ambiente capaz de promover “o valor social na ciência”.
“Ele entendia que não era importante ficar contemplando um bonito trabalho publicado numa grande revista se o trabalho não tivesse um fator de agregação de valores para a população para qual a pesquisa estava direcionada.”
“O professor  Hildebrando acreditava no poder de transformação que as pessoas podem fazer em todas as dimensões. Seja num paper publicado ou, na mais simples das funções. Acreditava no trabalho bem feito. Acreditava      que o trabalho profissional vem do coração. Esse é o grande legado que fica do Luiz, o Prof  Hildebrando, para mim.”

Desenvolvimento científico regional
O desenvolvimento científico regional é uma das marcas de Luiz Hildebrando. Para o diretor Ricardo Godoi da Fiocruz de Rondônia, a  contribuição de Luiz Hildebrando na ciência regional é extensa, vai da investigação científica para malária à manutenção do controle da epidemia.
“A morte de Luiz Hildebrando é uma perda para ciência brasileira, ele era um grande humanista, tinha facilidade de articular e aglutinar pessoas das mais diversas disciplinas científicas em torno de um projeto de pesquisa, em torno de benefícios para sociedade.”
Segundo ele, há um desenvolvimento regional atrelado ao trabalho de Luiz Hildrebrando na região. “Os processos começaram desde a verificação da importância da manutenção (do controle) da epidemia que hoje está culminando para projetos de pesquisa, nas populações afetadas pela malária, para um tratamento específico para prevenção da enfermidade.”
Segundo Godoi, Luiz Hildebrando identificou a importância de portadores assintomáticos de malária na região e a partir da verificação da importância desses pacientes foram estudadas novas estratégias de controle para diagnosticar e tratar as pessoas.
Outra contribuição significativa de Luiz Hildebrando em Rondônia, segundo Godoi, é a formação de alunos de pós-graduação e na parceria com a Universidade Federal de Rondônia criando programas de mestrado e doutorado.

(Jornal da Ciência)

Novo conceito de cultura, AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA

 - O ESTADO DE S.PAULO

30 Setembro 2014 

Os Estados Unidos não têm ministério da cultura. E a cultura americana está entre as maiores exportações daquele país. Lá a cultura está vinculada ao comércio, aos produtos. Da Coca-Cola ao pintor Rauschenberg, seus símbolos estão em todo o mundo. Iludem-se aqueles que pensam que, numa sociedade mercantilista, livros, filmes, discos, etc., têm circulação graças (apenas) ao seu valor artístico. Vejam os livros How America Stole the Idea of Modernism (Serge Guilbaut), explicando como os Estados Unidos tomaram o lugar da França culturalmente depois da 2.ª Guerra, e Quem Pagou a Conta? (Frances Saunders), no qual se analisa a intervenção do Departamento de Estado e da CIA na Bienal de Veneza e a criação de uma "Otan cultural" durante a guerra fria. Assim acabam com nossa ingenuidade neste assunto.
Portanto, a menos que se tenha uma ideia de cultura que extrapole o nicho do Ministério da Cultura, não se entenderá histórica, antropológica e sociologicamente o que a cultura pode significar num país. No Brasil, estima-se que pelo menos 10 milhões de pessoas trabalhem na área da cultura. São formadores de opinião. É um contingente capaz de mudar qualquer eleição. Isso equivale à população da Suécia. Perto desse número a quantidade de operários em nossa indústria automobilística é ridícula. E, no entanto, não só aqueles 10 milhões produzem cultura. Os 202 milhões de brasileiros são produtores (inconscientes) de cultura.
É disso que se trata quando se pensa num plano cultural para o País e quando se fala de "um novo conceito de cultura". Consumidores e produtores se confundem. E mais: "cultura" não é só o que sabidamente se chama de cultura. Temos de redefinir essa palavra. Recentemente, descobriu-se que a "periferia" tem uma cultura própria. Descobriu-se que "centro" e "periferia" têm de ser redefinidos. Cultura é tanto a "dança do passinho" quanto um concerto sinfônico. E mais: o "tráfico" e as "milícias" são uma maneira de nossa cultura se manifestar. Em outros termos: nossos hábitos alimentares são cultura - e temos de estudar isso. Apoderar-se de papel higiênico e das tramelas nos banheiros dos aeroportos, assaltar e depredar as residências do programa Minha Casa, Minha Vida são também gestos culturais. Deixar as casas e os apartamentos no reboco e cuidar apenas da parte interna da residência, isso é algo que encontramos tanto aqui quanto no Egito, e é igualmente um sintoma cultural. Ultrapassar pela pista de acostamento é um gesto cultural tanto quando clonar placas de automóveis.
Conhece-se um país pelo lixo que produz. Lixo é cultura. Ler o lixo, interpretar o lixo, compreender o desperdício e os que vivem nos lixões. Por que o dinheiro do governo não chega ao ponto extremo destinado? Entender isso é entender nossa cultura. Por que somos incapazes de follow up, de continuidade? Por que não completamos as jogadas? Por que destruímos a arquitetura colonial e enfeamos nossas cidades com monstrengos arquitetônicos? Igualmente, a noção de que aquilo que é "público" é algo que não tem dono e pode ser surrupiado é um danoso dado cultural.
Setorialmente, será preciso integrar mais o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Cultura (MinC). Se fosse uma secretaria do MEC, o MinC teria hoje uns R$ 10 bilhões de orçamento. No entanto, tem só cerca de R$ 2 bilhões, aproximadamente 0,128% do Orçamento da União. E há dez anos arrasta-se no Congresso Nacional um projeto medíocre (e revolucionário) que prevê 2% para o MinC, mas em quatro anos.
A solução, então, é acabar com o MinC? Nunca. A melhor solução é, para começar, quadruplicar o orçamento do MinC - 90% do problemas, do patrimônio histórico à política do livro, seriam resolvidos com essa medida. A Lei Rouanet tem de ser melhorada e os empresários têm de botar dinheiro - o dinheiro deles, e não o do governo - na cultura. Como disse alguém, se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância.
Além de uma associação permanente com o MEC, é urgente entender que a cultura atravessa todos os ministérios e as ações culturais devem ser desencadeadas tanto nos quartéis, com o apoio da Forças Armadas, quanto nas cadeias, com participação do Ministério da Justiça. Igualmente os "agentes de saúde" do Ministério da Saúde seriam convertidos em "agentes da cultura" - assim saúde e cultura se dariam as mãos e o Plano Nacional do Livro e da Leitura seria mais impactante.
O Brasil, além de descobrir um novo conceito de cultura, precisa descobrir o mundo. Só o provinciano olha o mundo a partir de seu umbigo. É sintomático que digamos "lá fora" quando nos referimos ao exterior. Estamos "por fora". Por isso o livreiro de La Hune, em Paris, quando lhe cobrei a ausência de autores brasileiros nas estantes, me disse, seguro: "Vocês não têm autores suficientes para uma estante". Enfim, qual o nosso projeto internacional?
Nessa linha, nunca demos a devida importância à Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa (CPLP), apesar de sermos a quinta língua mais falada no mundo. Por que não temos uma televisão multilíngue que sirva como exportação de nossa cultura? Por que deixamos desamparados os "leitorados" no exterior? Por que não modificamos a lei de depósito legal e não mandamos para os carentes países africanos da CPLP cópia dos 50 mil livros que publicamos anualmente.
Termino com uma parábola verdadeira: o marechal Rondon saiu colocando postes de telégrafo com fio pelo País. Quando fincou o último poste na fronteira da Bolívia, recebeu a notícia de que Marconi havia acabado de descobrir o telégrafo sem fio.
O que isso tem que ver com os iPhones e iPads - verdadeiras bibliotecas virtuais que poderiam suprir o que não fizemos em 500 anos?
Há países que têm petróleo e são pobres. Há países que não têm petróleo e são ricos. A cultura é o nosso pré-sal. E ela não está a milhares de metros abaixo do solo, basta abrir os olhos, ver. E fazer.
*Affonso Romano de Sant'Anna é escritor 

Could Bilingual Education Mold Kids’ Brains to Better Resist Distraction?

 | September 29, 2014


134031979By Samara Freemark and Stephen Smith, American RadioWorks
For decades, psychologists cautioned against raising children bilingual. They warned parents and teachers that learning a second language as a child was bad for brain development. But recent studies have found exactly the opposite. Researchers now believe that when people learn another language, they develop cognitive advantages that improve their attention, self-control and ability to deal with conflicting information.
Today the benefits of bilingualism are being put to the test in schools all across Utah.
Arrowhead Elementary is just one of the more than 100 public schools in the state that have launched language immersion programs in the past five years. At Arrowhead, that language is Mandarin. Other schools across Utah have created programs in French, Spanish, Portuguese, and German.
Supporters of immersion education argue that learning a second language is valuable preparation to participate in the global economy. But parents are most excited about what language learning could do for their children’s brains.
WHAT DOES IT LOOK LIKE?
The first-graders of Arrowhead Elementary in Santa Clara, Utah, are giggling. Their math teacher, Jing Sun, has just made a little subtraction joke. She drew red circles on a whiteboard, erased one, and asked, “Where did he run away to?” The kids think it’s hilarious.
It’s a joke that could be made in any first-grade math class across the United States — except that here, in southern Utah, in front of a classroom full of blond children in braids and crew cuts, Sun is speaking Mandarin Chinese. That’s the only language she speaks in the classroom: English is, emphatically, not allowed here. And the students in this class, who have been in Arrowhead’s Chinese program only about two months, seem to understand almost everything Sun is saying.
Students in a Chinese immersion program learn their numbers in Mandarin by counting pieces of cereal. (Stephen Smith)
Students in a Chinese immersion program learn their numbers in Mandarin by counting pieces of cereal. (Stephen Smith)
At Arrowhead Elementary, half of the kindergartners, first-graders and second-graders spend half of each day in classes taught entirely in Mandarin Chinese. This model of language education is known as dual immersion: The students learn civics and reading in English, and math and science in a second language.
Arrowhead implemented its immersion program three years ago, hiring native Mandarin-speaking teachers through a partnership between the Chinese government and the state of Utah. Principal Susan Harrah initially faced some resistance from parents and staff.
“Our faculty just weren’t ready for it,” Harrah said. “A lot of them weren’t dual immersion teachers, so a lot of them had — not bitter feelings, but they didn’t want to have any part of any type of a language program at all.”
Arrowhead kindergarten teacher Jackie Fonnesbeck did not support the change. “I was very worried about the math, because that’s where they’re learning the basics, and I felt like they needed to have a good, strong base in English before they learn it in Chinese.”
Three years into the program, Arrowhead’s immersion skeptics have become its greatest fans. Test scores for immersion students at the school are slightly higher than they are for non-immersion kids. There’s a waiting list to get into the program. And the school’s teachers — even the English-language ones — are now big supporters.
“It’s fun to see them learning and talking in Chinese,” Fonnesbeck said. “It’s amazing these children can do this, because I sure can’t. The younger they get started, the better off they’re going to be. You’re in awe when you see it.”
Teacher Ping Ji at Arrowhead Elementary. In Utah immersion schools, teachers speak no English to their students. (Stephen Smith)
Teacher Ping Ji at Arrowhead Elementary. In Utah immersion schools, teachers speak no English to their students. (Stephen Smith)
WHAT’S GOING ON INSIDE THE BRAIN?
Brain researchers who study bilingualism believe that the act of juggling two languages strengthens the brain system that helps people pay attention. That strong capacity to focus might be what leads to better academic performance in some children who grow up bilingual or attend language immersion programs.
Canadian psychologist Ellen Bialystok, at York University in Toronto, studies how the brains of bilingual people work in comparison to people who speak just one language. She wires up the skulls of test subjects from both groups to an electroencephalograph (EEG), a device that records electrical activity produced by neurons in the brain. One of the experiments she performs is called the Eriksen flanker task, which measures a person’s attention and ability to screen out unwanted stimuli. Bilingual people generally perform better on the test than monolinguals.
In Bialystok’s cognitive performance lab, the test subject watches a computer monitor that flashes a set of five arrows arrayed in a line. Depending on where the center arrow is pointing, the subject clicks a computer mouse in her left or right hand. The arrows flanking the central target add cognitive noise to the pattern. The subject has to ignore those arrows and focus on the center one. The speed and accuracy of the test subject’s reactions are measured by the computer. The EEG detects how hard her brain had to work to sort out the target arrow from the flanking noise.
Bialystok believes bilinguals are better at tuning out the noise. Their brains may have a stronger “executive control” system because of the need to switch, mentally, between languages.
“What we now know based on massive research is that both languages are always active [in the brain] to some degree,” Bialystok said. So if French were her first language and English her second, “Why don’t half my sentences come out with French words by accident?” she asked.
That rarely happens in bilinguals, Bialystok said, because the executive control system — a network in the brain’s frontal lobe — is busy focusing the mind’s attention on English, screening out the French words. The network is a kind of traffic control system that helps organize and regulate thinking. When a bilingual person calls on the network to manage the traffic of dual languages, it gets stronger.
“Bilinguals are more efficient in resolving mental competition,” said psychology professor Judith Kroll, an expert on bilingualism and director of the Center for Language Science at Penn State. “They’re apparently able to keep languages separate while keeping them both available and active in their minds at the same time.”
Today, bilingualism is seen as having cognitive benefits, but that wasn’t always the case. When Bialystok was an undergraduate in the 1960s, psychologists saw bilingualism as a disadvantage.
“There was a profoundly pervasive belief that languages were hard for children,” Bialystok said. “And that if you made a child bilingual you risked, to quote a textbook of the 1950s, ‘mental retardation.’ ”
In our contemporary, multitasking society, notions have changed. A bilingual person with a strong executive control system may have an edge. “Everything that we do that requires focused, selective attention — ignoring salient distractors that are trying to compete for attention, shifting between two things that we are trying to do at the same time, manipulating information — that is all frontal lobe, executive function stuff,” Bialystok said.
In functional MRI scans of test subjects doing the flanker task, researchers can see that the part of the brain that is believed to house the executive control system uses less blood flow in bilinguals. It’s not working as hard.
Researchers have also discovered that bilingualism may provide some protection for the brains of aging people. Studies show that the onset of dementia occurs later in the brains of bilingual people. The executive control system, researchers say, is the last one to fully develop (think teenagers) and the first to decline, but strengthening it may slow that decline.
Bialystok and Kroll say one reason language can have such a profound effect on the brain is because of how deeply we are steeped in language. We use language constantly, to speak, to read and to think. Compare that to time spent in other cognitive activities such as practicing music or making mathematical calculations.
“Over the course of your life, you have vastly more experience using language than most of these other domains,” Kroll said.
Kroll and Bialystok caution not to get too far in front of the research by making assumptions about the benefits of bilingualism. Scientists are still working to determine exactly what mechanism makes bilingual brains gain greater executive control. And there’s no guarantee that growing up bilingual, or in a language immersion program, will prove beneficial for any given individual.
NATIONAL STATUS OF BILINGUAL PROGRAMS
Immersion education is growing in the rest of the country. California and Minnesota have long been leaders in immersion, and Delaware recently implemented a new program modeled after Utah’s. According to the most recent numbers from the Center for Applied Linguistics (CAL), immersion education has been steadily increasing in the United States since the 1970s. In 2011, CAL counted almost 450 immersion programs across the country. Today, that number is almost certainly higher, as Utah in particular adds schools to its statewide program.
But language education in general is actually declining across the country, especially in the lower grades. Between 1997 and 2008, the percentage of elementary schools offering foreign language instruction dropped from 31 percent to 25 percent. And the numbers are even more striking when you consider only public schools, where the percentage of elementary institutions offering language education dropped from 24 percent to 15 percent over the same period.
Numbers like these make Gregg Roberts, Utah’s dual language coordinator, irate. “What are you thinking?” he says. “Why are you staying monolingual? Why do you think this will benefit your students in the 21st century? Why would you not be offering this benefit to your students?”
PARENTAL REACTION
When it came time to register her boys, Tiger and Justin, for first grade, Stacy Steiner of Southern Utah had a choice: put them in Horizon Elementary School’s Chinese immersion program or enroll them in the school’s standard English program. Stacy was intrigued by immersion, but she was also nervous, particularly about Justin, who sometimes struggled in school.
“I was a little concerned about him not having the foundation they get in first grade,” Steiner said. “I thought that adding a language to that would be a challenge. So there was a lot of angst over that at the beginning.”
In the end, she chose immersion. On the first day of school Justin said he expected his instructor to teach Chinese “the normal way”: by saying something in Chinese and then telling the class what the words meant in English. But when they went into class, “She [couldn't] talk any English — only Chinese!” he said. “And so I was like, ‘OK, how do we do this? This is going to be so hard.’”
Steiner said that she worried through the whole first month of classes about how her boys were doing, immersed in a language they had never heard before. That changed at the first parent-teacher conference.
Steiner has a recording she made of the meeting. On the screen, Justin sits with his teacher, reading from a sheet of Chinese characters. “Justin wasn’t reading English that fast last year,” Stacy marveled. “I was warned ahead of time that I would be surprised at how much they’d learned. But nothing really prepares you for that.”
Last year, Justin struggled in school. This year, he’s making A’s. She says the boys’ success learning Mandarin Chinese has changed the way she pictures their future.
“It has absolutely broadened my plans for my children,” she said. “I’m excited to see what they do with it.”
This article originally appeared on American RadioWorks and is part of an hourlong radio documentary called the Science of Smart. You can listen to the full documentary here and download the American RadioWorks podcast on ideas in education.

Homeless students in the US increase by 58 percent in past six years !!





Despite signs of a national economic recovery, homelessness in U.S. public schools steadily increased 8 percent, to 1.26 million students, in the 2012-13 school year from the previous year. That may not sound terrible, but consider that it is part of a 58 percent jump in the number of homeless students in the six years since the start of the economic recession of 2007-08.

Percent change in the number of homeless students in U.S. public schools over six years (2007/08 to 2012/13)

(Zoom in and click on any state to see actual numbers of homeless students and annual percentage changes for each state. This is an interactive Google Fusion map. Created by Jill Barshay and Sarah Butrymowicz of The Hechinger Report.)
“It’s safe to say there’s been a significant increase in homelessness in schools,” said Diana Bowman, director of the National Center for Homeless Education. Her organization, funded by the U.S. Department of Education, provides technical assistance for the federal Education for Homeless Children and Youth Program.
The U.S. Department of Education quietly released this data on homeless students, in grades pre-K through 12, without issuing a press release or detailed report. The new data were added to a publicly accessible database on September 22, 2014 as part of its annual Consolidated State Performance Report Data.
Some states saw much larger than average one-year increases in homelessness. Student homelessness in New Jersey grew by 77 percent and in Alabama by 68 percent over the most recent one-year period. Washington, D.C., Maine, Montana and New York also experienced sharp increases in the number of homeless students.
But Bowman cautioned against putting too much stock in sharp one-year fluctuations. States sometimes change counting methodologies; longer multi-year trends are more reliable.
More important, and distressing, is the data for the six-year period. Some less populous states saw some of the largest percentage increases in student homelessness. The number of homeless students grew by more than 140 percent in Oklahoma, Hawaii, Alabama, West Virginia, Montana, Idaho, North Dakota and Washington D.C. The color-coded map above highlights which states have suffered the greatest increases in student homelessness since 2007.
The majority of homeless students are not sleeping outside on park benches. According to the Department of Education’s data, three-quarters of homeless children are temporarily living “doubled up” with extended family members or neighbors. (Table 3 on page 2 of this report, “Education for Homeless Children and Youth, Consolidated State Performance Report Data, School Years 2010-11, 2011-12, and 2012-13” shows where homeless school children spend the night.)
“A lot of people think of families living in shelters,” said Bowman. “But it’s really a lot of other situations where a lot of homeless children live.”
The Department of Housing and Urban Development defines homelessness more narrowly, often not including people who are living with others. But Bowman explained that it makes sense for the Department of Education to have a more expansive definition, because the children of these families have still lost their primary residence and are often switching homes and changing schools every few months. “The education disruption makes it hard for them to perform academically. They’re losing friends and teacher connections. They also have greater health problems and emotional stresses,” said Bowman.

Data source: U.S. Department of Education Consolidated State Performance Report Data, 2007-13. Google chart created by Jill Barshay, The Hechinger Report

Many researchers have documented how devastating episodes of homelessness are for a student’s academic performance, both in the short term and over the long term. McKinney-Ventofunds were established by Congress in 1987 to support homeless programs. A portion of these funds go to school districts based on the percentage of poverty in their school district. But, asTable 2 here shows, more than a third of the nation’s 1.3 million homeless children are enrolled in school districts that haven’t received any of these McKinney-Vento funds.
2014 University of Pennsylvania study found that homelessness was the third most important risk factor to consider when thinking about support programs for disadvantaged children, and that poverty alone wasn’t necessarily harmful to a child’s academic career.
Perhaps with this well-documented rise of student homelessness, lawmakers will start to think about better ways to strategically allocate Title I education dollars — not just to low-income children, but to the low-income children who need them the most.
Data analysis methodology and explanation: Original source data is from the U.S. Department of Education’s Consolidated State Peformance Report Data, in which states are required to report on a variety of figures, including homeless school children. To locate this data, go to eddataexpress.ed.gov, then click on “Build a State Table,” then “Build Table Now.” That will take you to a “State Tables” page. I clicked all states and then selected data under the “Homeless Program (McKinney -Vento). I selected “Total Number of Homeless Students Enrolled in LEAs with or without McKinney-Vento Subgrants – Total” for the all six years available, 2007-08, 2008-09, 2009-10, 2010-11, 2011-12, 2012-13. “LEA” is a local educational agency, commonly known as a school district.

Diálogo con José Rivero. Tendencias y desafíos en la educación permanente de jóvenes y adultos en América Latina


El especialista en educación de jóvenes y adultos explica que en su origen los programas de alfabetización y educación permanente fueron pensados para adultos y “los jóvenes llegan a ellos en la medida en que se encuentran con una secundaria que en la práctica los expulsa.
Los Estados deberían ser capaces de responder a esta demanda”. En general, los usuarios de los programas de alfabetización suelen ser personas excluidas, políticamente débiles, con experiencias de vida que no son consideradas en los currículos oficiales.
Si tomamos como ejemplo, en cambio, los logros educativos del pueblo cubano que se reflejan en las diversas evaluaciones de rendimiento educativo, se observa que se pueden explicar en gran medida por los esfuerzos destinados a alfabetizar y a garantizar la continuidad educativa de la población recién alfabetizada.
En los diálogos se convoca a diferentes expertos a dar su visión acerca de las principales problemáticas educativas de la región apelando a su experiencia tanto en la investigación como en la gestión de este campo.
En los debates se incluye la producción de un grupo de investigadores sobre un conjunto de datos preparados especialmente por el SITEAL. Estos textos son comentados por otros analistas para generar un intercambio de opiniones sobre el tema analizado.
29 de septiembre de 2014

Pesquisa sobre Eichmann desmente banalidade do mal

Por JENNIFER SCHUESSLER

Mais de 50 anos após ser lançado, "Eichmann em Jerusalém", de Hannah Arendt, ainda provoca polêmica, tendo acumulado um rol de críticos que continuam a desconstruir o retrato traçado pela filósofa do nazista Adolf Eichmann como exemplo da "banalidade do mal" -um burocrata frio, que agiu quase sem pensar e "nunca percebeu o que fazia".
Bettina Stangneth é autora de "Eichmann Before Jerusalem: The Unexamined Life of a Mass Murderer" (Eichmann antes de Jerusalém: a vida não estudada de um assassino em massa), publicado recentemente em tradução inglesa pela Alfred A. Knopf. Ela não começou querendo se somar aos críticos. Filósofa de Hamburgo, estava interessada na natureza das mentiras.
Em 2000, ela se propôs a escrever um estudo de Eichmann, chefe de Assuntos Judaicos do Terceiro Reich, julgado em Israel em 1961, à luz de dados que apareceram nas últimas décadas.
Então, enquanto lia as memórias e outros depoimentos produzidos por Eichmann enquanto viveu escondido na Argentina após a guerra, Stangneth encontrou uma anotação longa que ele escreveu descartando a filosofia moral de Immanuel Kant. O texto pareceu contradizer a ideia de Arendt sobre a "incapacidade de pensar" de Eichmann. "Fiquei totalmente chocada", Stangneth comentou. "Não conseguia acreditar que ele fosse capaz de escrever algo assim."
O livro de Stangneth cita vários documentos para oferecer o que, segundo estudiosos, seria o argumento mais definitivo já apresentado em favor da ideia de que Eichmann, enforcado em 1962, não foi o simples cumpridor de ordens que afirmava ser, mas sim um nacional-socialista fanaticamente dedicado à causa.
Se pesquisadores anteriores prejudicaram os argumentos de Hannah Arendt, Stangneth os "pulverizou", disse a historiadora Deborah E. Lipstadt, da Universidade Emory em Atlanta.
"Eichmann não foi um sujeito encarregado por acaso de fazer um trabalho sujo. Exerceu um papel crucial e o fez com engajamento total", disse Lipstadt.
O cerne de "Eichmann Before Jerusalem" é um retrato detalhado de Eichmann e do círculo de ex-nazistas e simpatizantes que o cercava na Argentina. O estudo é baseado em grande parte em materiais que nunca tinham sido examinados, disse Stangneth.
Partindo do trabalho de outros, ela montou o quebra-cabeça dos chamados "Argentina Papers" (Documentos da Argentina), mais de 1.300 páginas de memórias e entrevistas com Eichmann feitas em 1957 pelo holandês Willem Sassen, ex-nazista que morava em Buenos Aires.
Stangneth também descobriu transcrições desconhecidas e encontrou provas de que o círculo de Sassen incluiu mais pessoas do que estudiosos reconheceram.
O círculo de Sassen se reunia quase toda a semana para fornecer materiais para um livro que exporia o Holocausto como um exagero judaico. Mas Eichmann tinha um objetivo contraditório: reivindicar seu lugar na história.
Os fatos que confirmavam a escala do massacre se acumularam à medida que Eichmann relatou os rigores do que descreveu (sem ironia, como Stangneth observa) seu "trabalho arrasador".
Stangneth cita uma longa diatribe de Eichmann sobre seu "dever ao nosso sangue": "Se 10,3 milhões de inimigos tivessem sido mortos", declarou, aludindo aos judeus, "cumpriríamos nosso dever", assustando seus ouvintes. "Não posso lhes dizer outra coisa, pois é a verdade! Porque a negaria?"
Ouvindo Eichmann antes de Jerusalém, Stangneth vê um mestre manipulador, hábil em fazer a razão voltar-se contra ela própria. "Como filósofa, você quer proteger o pensamento como algo belo. Não quer pensar que alguém é capaz de pensar não ama o pensamento."

Folha de S.Paulo, 30/9/2014

    ROSELY SAYÃO Criança cidadã

    Si, una buena escuela debería hacerlo!

    A escola deve incentivar a visão crítica e o interesse pela política sem se limitar a candidatos ou partidos
    As crianças são alvo de muitas de nossas contradições. Não consideramos inadequado que elas se manifestem como consumidoras e que façam escolhas dos mais variados tipos; queremos que sejam autônomas com rapidez e isso faz com que se metam em encrencas que não lhes fazem bem e que ainda não têm condições de resolver; insistimos para que sejam precoces na aquisição de conhecimentos especializados e que busquem o sucesso hoje e sempre.
    Ao mesmo tempo, consideramos que alguns temas da vida não lhes dizem respeito. Em período eleitoral, dá para perceber que política é um assunto que poucos adultos consideram pertinente a elas. Mas as crianças não compartilham dessa opinião: elas estão envolvidas com as eleições e com a política. Entretanto, são poucas as que conseguem ter a boa companhia de seus educadores para que comecem a decifrar a complexidade e a importância do assunto.
    Você se lembra, caro leitor, que anos atrás as escolas começaram a declarar a importância da educação para a cidadania? Pois é: a maioria colocou essa expressão em seu projeto pedagógico. E o que vemos agora, em tempo de eleições? São poucas as escolas que têm trabalhado o tema em seu cotidiano com os alunos. Muitas até trabalham, mas de um modo tão fragmentado que não colaboram para que o aluno compreenda sobre as eleições como parte de um processo do regime democrático.
    Diversas escolas têm realizado a simulação de eleições para que os alunos entendam os cargos disputados e suas funções, e aprendam a argumentar e a observar os candidatos em seu empenho para convencer os eleitores de que são merecedores de seu voto. Boa parte realiza esse trabalho com alunos dos ciclos mais adiantados. Quantas escolas fazem isso com os alunos da educação infantil e dos primeiros anos do fundamental?
    Enquanto isso, as crianças, desde a mais tenra idade, declaram sua preferência por este ou aquele candidato de acordo com o que lhes importa --tom de voz, tipo de roupa, cabelo--, xingam sem pudor outros, afirmam com convicção que todo político rouba, pratica corrupção, mente etc. Muitas crianças testemunham brigas de adultos por causa de suas diferentes preferências políticas, observam a violência da argumentação utilizada neste período, entram de gaiato em farsas inventadas contra este ou aquele candidato. Assim, qual criança vai se interessar por política? E nós devemos querer que elas se interessem!
    Parece que as famílias têm feito mais por seus filhos do que as escolas por seus alunos nessa questão: ouvem o que os filhos têm a dizer sobre os candidatos e explicam, sempre que conseguem, os equívocos de sua opinião, tentam conter o palavreado que eles usam, ensinam o sentido de tantas pesquisas etc. Mas os pais têm o direito de tentar levar o filho para junto de sua posição ideológica, não é verdade?


    Por isso faz tanta falta o trabalho da escola em política e cidadania: ela poderia incentivar os alunos a ter visão crítica, a se interessar pelo assunto sem ter de aderir a candidatos ou partidos, como faz a família, para que, na maturidade, eles façam suas próprias escolhas. Esse trabalho poderia incentivar as novas gerações a querer dar continuidade ao estado democrático e a ter interesse real por política. Não é?

    VLADIMIR SAFATLE, A piada que mata


    "Então, gente, vamos ter coragem, somos maioria. Vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrentá-los, não ter medo. Dizer que sou pai, mamãe, vovô. E o mais importante é que esses que têm esses problemas realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo, mas bem longe da gente. Bem longe, mesmo, porque aqui não dá."
    Essas são frases de um candidato à Presidência da República quando indagado pela candidata do PSOL, Luciana Genro, em debate no domingo (28), sobre o que achava do Brasil liderar o número de mortes violentas contra homossexuais, travestis e transgêneros.
    Bem, se ainda houver um resto de seriedade na política brasileira, o senhor que proferiu tal crime evidente de preconceito e incitação ao ódio será processado e sua candidatura cassada.
    No entanto, para muitos, seu pedido de que homossexuais fiquem "bem longe" daqueles que se veem como "normais", seus chamados de enfrentamento, são apenas "derrapadas" de um candidato inexpressivo e caricato. A típica afirmação da qual é melhor rir de seu caráter patético do que realmente levar a sério.
    Essa é, no entanto, a pior violência. Pois ela consiste em ignorar quão brutal é não se sentir no lugar dos que recebem as palavras mais brutais.
    Melhor seria lembrar da lição dada por um professor norte-americano de filosofia, Arnold Farr, sobre o que significa realmente tolerância.
    Ao ser indagado sobre como conseguia implicar seus alunos em lutas contra a discriminação, ele lembrava que nada melhor do que mostrar a eles como nós, eu, você, agimos inconscientemente para reforçar processos de exclusão. Somos agentes inconscientes e involuntários, mas nem por isto menos eficazes.
    Farr contou então a história de sua relação com seu irmão homossexual.
    Disse que, quando adolescente, gostava de levar suas namoradas para a casa dos pais a fim de orgulhosamente apresentá-las e ouvir depois elogios de todos.
    Anos depois, em um certo dia, ele se deu conta de como seu irmão nunca pode fazer algo parecido e como ele, Arnold, nunca se importara com isso. Ele sequer sentia a tristeza de seu irmão por não poder ser reconhecido, por ter que conservar seu desejo invisível e em silêncio para seus próprios familiares.
    Um dia, no entanto, ele foi capaz de sentir. Mesmo não sendo homossexual, ele pode por um momento sentir o que pode ser o sofrimento de um homossexual. Então, ele pegou o telefone e pediu-lhe desculpas. Esse telefonema foi o gesto político por excelência.


    Se continuarmos a não sentir a violência que tais grupos sofrem, continuaremos a ouvir, do outro lado da linha, apenas piadas que matam.

    Folha de S.Paulo, 30/9/2014

    Cerco ao terror (Terrorismo Islámico)

    EDITORIAIS
    editoriais@uol.com.br, Folha de S.Paulo, 30/9/2014

    O Conselho de Segurança das Nações Unidas viveu um momento raro na última semana. Teve, pela sexta vez em seus 68 anos de história, uma reunião com a presença majoritária de chefes de Estado.

    O objetivo do encontro era votar a resolução sobre Combatentes Terroristas Estrangeiros, elemento central da nova estratégia dos EUA em relação ao Oriente Médio.
    Apresentada pelo presidente Barack Obama, a peça representa o auge do esforço americano para dar legitimidade internacional à ofensiva em curso contra a milícia radical Estado Islâmico.
    O texto, aprovado por unanimidade, visa a coibir o fluxo de pessoas que deixam seus países de origem para se juntar a facções extremistas. A preocupação faz sentido.
    Cerca de 15 mil cidadãos de 80 países compõem as fileiras do Estado Islâmico em territórios da Síria e do Iraque, de acordo com a inteligência dos Estados Unidos. Esse número inclui mais de 2.000 europeus e cem americanos, os quais poderiam retornar a suas nações de origem para cometer atentados.
    O documento adotado pela ONU traz propostas severas. Determina, por exemplo, que os 193 membros da entidade criminalizem a mera tentativa, por parte de seus cidadãos, de viajar com o propósito de se associar a grupos terroristas. Demanda também que impeçam estrangeiros suspeitos de terrorismo de entrar em seus territórios.
    Buscando a cooperação multilateral, Obama distingue-se saudavelmente de seu predecessor, George W. Bush, mas nem por isso sua iniciativa está livre de senões.
    Primeiro, não há garantias de que a resolução, elaborada sob o capítulo 7 da Carta da ONU (segurança coletiva), tenha o alcance esperado. Como sempre, sua eficácia dependerá sobretudo da disposição dos países de implementá-la.
    Existem, além disso, obstáculos práticos. A Turquia, para ficar num único caso, teria grande dificuldade para monitorar seus quase 1.200 quilômetros de fronteira com a Síria e o Iraque, que vêm sendo usados por rebeldes que lutam contra os governos de ambos os países.
    Mais importante, não se pode ignorar o risco de que governos aproveitem-se da resolução para aprovar leis que atinjam grupos religiosos específicos, como os muçulmanos, ou que levem à perseguição de adversários políticos ou minorias de qualquer natureza.
    Amesquinhar os direitos humanos e as liberdades civis interessa apenas aos grupos terroristas. O combate às facções extremistas, portanto, deve se dar de acordo com tais conquistas da humanidade --e não em detrimento delas.

      O Futuro da Educação, Isaac Roitman

      29 de setembro de 2014

      Brasil não tem universidades entre as 200 melhores do mundo, diz consultoria

      23 GLOBO - Últimas notícias by Leonardo Vieira  /  29/9/2014

      RIO - O Brasil não tem representantes entre as 200 melhores universidades do mundo, segundo o novo ranking mundial elaborado pela consultoria britânica Times Higher Education e divulgado nesta segunda-feira (29). A edição deste ano do World Universities Rankings listou as primeiras 400 instituições segundo critérios de desempenho acadêmico.
      A brasileira mais bem posicionada é a USP, que pulou da faixa entre 226-250ª colocação do ano passado para a banda entre a 201-225 em 2014. Vale lembrar que a THE utiliza faixas de colocação para as instituições abaixo da 200ª posição.
      A Unicamp foi a outra representante verde-amarela no ranking, permanecendo na banda entre 301-350, a mesma da edição do ano passado. Com apenas as duas universidades paulistas entre as 400 melhores, o Brasil fica atrás de outros países emergentes como a Turquia (com quatro instituições entre as 200 primeiras), China (três entre as 200) e Cingapura (duas entre as 200).
      Brasil não tem universidades entre as 200 primeiras - / Editoria de Arte
      No topo da tabela, nenhuma surpresa. A melhor universidade do mundo para a THE continua sendo o Instituto de Tecnologia da Califórnia, seguido pela Universidade de Harvard e pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Das 10 primeiras, sete são americanas e três, britânicas.
      Este é apenas mais um dos rankings internacionais divulgados por consultorias mundo afora a cada ano. Somente em 2014, foram seis tabelas lançadas pela organização britânica Quacquarelli Symonds (QS), pela Universidade Jiao Tong, de Xangai, pela consultoria internacional Center for World Uniersities Ranking (CWUR) e, finalmente, pela Times Higher Education.
      O Brasil tem desempenho variável, conforme o tipo de ranking. Se a análise for feita entre todas as universidades do mundo, as brasileiras aparecem timidamente. Neste mês, a QS listou a USP como a única representante do país entre as 200 melhores do mundo. A tendência é a mesma do “ranking de Xangai”, divulgado em agosto, que também colocou a instituição paulista na 144ª posição, e pela CWUR, que colocou a USP na 131ª colocação.
      Mas conforme a amostra de países diminui, o desempenho brasileiro melhora. Quando apenas os membros dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) são levados em conta, o Brasil tem duas instituições entre as 10 primeiras, segundo ranking da THE divulgado em dezembro passado. Em maio deste ano, o ranking para a América Latina da QS mostrou que o país tem 10 das 20 melhores do subcontinente. A USP, no entanto, caiu do primeiro para o segundo lugar.
      INTERNACIONALIZAÇÃO E COBRANÇA DE MENSALIDADE
      Especialistas apontam que o desempenho tímido do Brasil em ranking internacionais se deve principalmente à falta de internacionalização de seus cursos. Para o editor da THE, Phil Baty, é preciso que as universidades brasileiras utilizem mais o inglês em seu cotidiano, desde créditos extras para o idioma até a publicação de artigos científicos. Além disso, Baty acredita ainda que o Ciências Sem Fronteiras terá impacto positivo no longo prazo em atrair acadêmicos renomados no cenário internacional para seus campi. No entanto, ele alerta que burocracia ainda é o grande entrave para a autonomia universitária no Brasil.
      - As universidades brasileiras devem desenvolver estruturas de gestão mais ágeis e mais dinâmicas de contratação de corpo docente e gestão do orçamento. Para ser uma das universidades do topo do ranking, é importante que as reitorias sejam livres para liderar tomar decisões estratégicas em tempo hábil, sem esbarrar nos tapetes vermelhos da burocracia governamental - disse Baty ao GLOBO.
      O novo ranking da THE vem no momento em que a USP enfrenta grave crise financeira e de gestão. A comunidade acadêmica da universidade, que acaba de sair de uma greve, discute ainda a possibilidade de começar a cobrar mensalidades de alunos mais abastados, utilizando critérios de gratuidade semelhantes ao do Prouni. Para Phil Baty, a cobrança seria válida, mas sem deixar de lado a importância de investimentos públicos no ensino superior. Ele cita ainda os casos de sucesso de China, Cingapura e Coreia de Sul, países que avançaram no ranking com forte investimento estatal nas universidades.
      - Já que universidades privadas dos EUA, que cobram enormes taxas anuais, continuam a dominar os rankings universitários mundiais, muitos tentam copiar esse modelo. Mensalidades também atendem ao princípio de que as pessoas que se beneficiam do ensino superior devem fazer uma contribuição para os custos da universidade, como forma de gratidão. No entanto, há também grandes benefícios para o investimento público no ensino superior, e eu, pessoalmente, acredito que é importante garantir que haja sempre uma forte participação pública no financiamento das universidades.
      Para o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Robert Verhine, que é doutor em educação comparada e economia da educação, a discussão sobre as cobranças de mensalidade é válida, mas não se aplica ao Brasil, já que esbarra em questões previstas pela Constituição. Segundo ele, o importante, neste momento, é investir na internacionalização das faculdades.
      - Infelizmente, o Brasil ainda vai demorar para conseguir subir nesses rankings, principalmente pela falta de internacionalização nas universidades.
      Robert exemplifica com a própria UFBA, onde há cerca de 40 mil alunos e apenas 200 são estrangeiros. Segundo ele, isso precisa mudar para que o nome das instituições comece a ser projetado no exterior.
      - Não temos infraestrutura para receber alunos e nem conseguimos atrai-los. Também temos poucos professores que ministram aula em inglês. É evidente que o Ciência sem Fronteiras vai ajudar nesse aspecto. Mas não é fácil promover essas mudanças - diz, acrescentando a necessidade de um corpo docente mais internacional também. - Precisamos discutir medidas que facilitem a entrada de professores vindos do exterior.