29 de outubro de 2013

Morin defende 'educação para a vida'

Antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin ministrou uma palestra nesta terça-feira, 29, no World Innovation Summit for Education (Wise) 2013, um dos maiores eventos de educação do mundo

29 de outubro de 2013 | 11h 25, O Estdo de São Paulo


Mais do que ensinar idiomas e disciplinas, a escola deve ensinar sobre a vida, sobre a condição humana. Foi assim que o antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin abriu sua palestra nesta terça-feira, 29, no World Innovation Summit for Education (Wise) 2013, um dos maiores eventos de educação do mundo, em Doha, no Catar.

Morin defendeu uma reforma na educação que ajude a enfrentar o que chama de "as incertezas da vida". "Precisamos aprender sobre a condição humana, ser capaz de entender o outro, o que está próximo e o que está distante. Temos de ter plena consciência do que somos nesta era, neste momento", defendeu, para uma plateia de educadores de todo o mundo.
Para o sociólogo, compreender o outro é cada vez mais essencial no mundo em que vivemos. "Todos nós precisamos aprender que somos idênticos, que temos a mesma possibilidade de felicidade, mas, ao mesmo tempo, temos as nossas singularidades, nossos hábitos, nossos costumes. Só com essa compreensão conseguiremos viver em harmonia uns com os outros."
O filósofo francês, considerado um dos maiores pensadores vivos, criticou o fato de a educação para a vida estar distante da escola. "É exatamente isso que precisaria ser ensinado nas escolas." E foi isso que Morin propôs, em documento para a Unesco, em 2000. Mas a ideia pouco andou, admite. Até mesmo em seu país natal, são poucas as escolas que reduziram a visão mais conteudista para dar espaço aos "ensinamentos para a vida". É justamente na América Latina onde estão as iniciativas mais promissoras.
Morin acredita que a escola fragmentou o conhecimento e deveria integrá-lo novamente. "Precisamos aprender a ensinar o contexto, a ter uma visão do todo, e não de apenas um aspecto." Para ele, o ser humano é complexo demais para ser reduzido a um único ponto. "O ensino atual não trata dos elementos essenciais porque está tudo fragmentado. Não somos seres sociais, ou biológicos ou emocionais - somos tudo isso junto." Morin acredita que aspectos fundamentais para a vida em sociedade estão sendo ignorados pelas escolas: valores tradicionais, globalização, família, consumo, comunicação. "Precisamos estar melhores armados para viver. Aprender a viver é aprender a enfrentar problemas vitais."
*A jornalista viajou a convite da Fundação Catar

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