31 de julho de 2013

Para mais avanços no desenvolvimento humano (Editorial)

O Globo, 31/7/2013

A evolução da sociedade brasileira em duas décadas, de 1991 a 2010, impressiona. A divulgação de Índices de Desenvolvimento Humano Municipais (IDHM), elaborados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em conjunto com o Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada (Ipea), do governo federal, e Fundação João Pinheiro, serve como mais uma oportunidade de reflexões sobre o que fazer para a trajetória de melhoria da qualidade do desenvolvimento não ser interrompida.
O fato de o país já estar envolvido no clima de disputa eleitoral com vistas à sucessão da presidente Dilma Rousseff concede às estatísticas até uma importância maior. Mesmo que elas não considerem o período do atual governo, em que um modelo de expansão econômica lastreado no consumo chegou ao esgotamento, com a redução do ritmo de expansão, mudança de patamar da inflação e desequilíbrio nas contas externas. Até por isso se justifica o debate.
Com algumas diferenças metodológicas, o IDHM segue o índice de desenvolvimento humano global (IDH) ao acompanhar três áreas: a longevidade/expectativa de vida ao nascer, evolução da renda e a educação.
Nas duas décadas pesquisadas, o IDHM do país subiu 47,5%, de 0,4930 para 0,7270 (quanto mais próximo de um, melhor). O Brasil deixou o patamar classificado de “muito baixo” para “alto”. Em 1991, 85,8% dos municípios estavam no grupo dos mais mal avaliados, posição em que, em 2010, se encontravam apenas 0,57% das cidades.
Indiscutível que, entre os fatores que explicam o salto, está a estabilização da economia, com o fim da superinflação em meados da década de 90. Como também se encontram os gastos sociais, ampliados a partir de 2003. Mudança de tamanha magnitude é uma obra conjunta de governos tucanos e petistas, em alianças com vários partidos. Não pode ser capitalizada apenas por uma corrente político-ideológica.
É preciso manter a tendência de alta no IDHM global. Para isso é crucial manter a economia estabilizada, com a inflação sob controle, sob o risco de os avanços na renda dos mais pobres serem pulverizados. Outro campo estratégico é o da Educação, onde os progressos foram, em boa medida, quantitativos, com a quase universalização da matrícula no ciclo fundamental. Já há algum tempo, trava-se a batalha decisiva da melhoria da qualidade do ensino — por sinal, não contemplada como precisa ser no cálculo do IDHM.
É no enfrentamento da inflação, e mudança do modelo de crescimento, conjugado com a reforma do sistema educacional público — para aprimorar o aprendizado, com destaque ao ciclo médio e profissionalizante —, que o Brasil das próximas décadas está sendo definido.

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