27 de abril de 2012

Gilmar Mendes faz ressalvas a cotas raciais


Apesar de favorável à política de reserva de vagas, ministro chama a atenção para eventuais distorções de sistema da UnB

Depois de dois dias de julgamento da ação proposta pelo DEM, sessão foi encerrada sob sonoros aplausosDE BRASÍLIA
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes votou a favor das cotas, mas foi o único a fazer críticas ao sistema adotado pela UnB.
Mendes afirmou que o critério racial não é o melhor para definir quem deve ser beneficiado pela reserva de vagas e que um modelo incluindo a renda seria mais apropriado.
Ele citou "distorções e perversões" que poderiam ser geradas pela atual política. Entre elas, a possibilidade de um aluno negro e rico, que sempre estudou em escola particular, entrar na universidade por cotas, enquanto um pobre, porém branco, não.
Mendes disse que suas críticas eram apenas um "registro" e ressalvou que a existência de falhas é natural, porque a UnB adotou a política afirmativa de forma pioneira.
O clima entre os ministros era tranquilo, apesar da briga ocorrida na semana anterior entre Joaquim Barbosa e Cezar Peluso. Após uma entrevista em que Peluso chamou Barbosa de "inseguro", o ministro, que é negro, disse ser vítima de racismo no tribunal.
A calmaria do julgamento só foi quebrada quando Araju Sepeti, índio guarani que assistia à sessão no plenário, começou a se manifestar em voz alta durante o voto de Luiz Fux, o que é proibido.
"Igualdade é para todos, não é só para um", gritava, reclamando da ausência de menções aos indígenas nas falas dos ministros. Mesmo após ser advertido pelo presidente Carlos Ayres Britto, Sepeti continuou a falar alto.
Britto mandou, então, que os seguranças o expulsassem. Ele resistiu e foi arrastado para fora do plenário.
Como aplaudir não é permitido no Supremo, cada voto era comemorado pelos presentes com um sinal equivalente ao utilizado pelos deficientes auditivos, em que as mãos são erguidas e movimentadas como chocalhos.
Ao final da sessão, sonoros aplausos foram ouvidos, principalmente após a emocionada fala do ministro Ayres Britto.

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