23 de outubro de 2011

Uma secretaria da juventude tornaria mais efetivas as ações do Estado?


22 de outubro de 2011
Sangari | O Povo | Opinião | CE

É crescente o número de jovens mortos no Ceará de forma violenta. A criação de uma secretaria estadual da juventude tornaria mais efetivas as políticas públicas?
Não. A simples criação de uma secretaria da juventude, sem que o Governo do Estado passe a enxergar esse segmento social como prioridade, não tornará as políticas mais efetivas. A experiência da gestão anterior - com uma pasta, ao mesmo tempo, dedicada à Juventude e ao Esporte %u2013 mostrou que as ações governamentais voltadas aos jovens foram bem menos relevantes que as dedicadas às práticas esportivas. Há um risco de que isso ocorra novamente, ou seja, que seja criada uma secretaria sem qualquer peso político. Para que possa ser realmente eficaz, a nova Secretaria das %u201CJuventudes%u201D (haja vista a multiplicidade de seus públicos-alvo) deve assumir a articulação das políticas públicas estaduais relativas ao tema. É preciso, contudo, fazer pressão para que essa secretaria saia do papel. A aprovação do Estatuto da Juventude na Câmara é um sinal da força que os jovens têm quando se organizam.
RICARDO MOURA - Jornalista, cientista político e mestre em Políticas Públicas e Sociedade É preciso compreender que o Estado desenvolve todas as suas ações a partir de um orçamento e de um planejamento, delimitados por instrumentos legais; esse mesmo orçamento é a expressão monetária do planejamento. Ao se colocar em valores o planejamento, se evidenciam as prioridades de um governo. A criação de uma Secretaria da Juventude, no âmbito do Governo Estadual é sem dúvida um avanço vital para a consolidação das políticas públicas e ações efetivas na direção de encontrar soluções para os graves problemas enfrentados pelas juventudes do Ceará; como o avanço das drogas, trabalho e renda, qualificação, direito à educação, saúde, moradia, lazer, cultura, enfim. Uma vez que possuiria planejamento e orçamento, próprios. E aqui vale ressaltar a iniciativa já vitoriosa do governo Cid Gomes com a Coordenadoria Estadual de Políticas Públicas para Juventude, que tem se consolidado com instrumento forte na promoção dessas mesmas políticas.
JÚLIO CÉSAR FILHO
Deputado estadual (PTN) e pres. da Comissão da Juventude da Assembleia Legislativa
A criação de órgão específico para atender o público jovem é imprescindível. No entanto, a criação de uma Secretaria não mudará a realidade repentinamente. A maior parte dos problemas enfrentados pelos jovens são frutos de uma construção desigual da sociedade, que marginalizou a juventude e os colocou em situação precária. É necessária a ampliação do debate sobre políticas públicas de juventude, ainda recente no Brasil. Em Fortaleza, é apenas em 2005 que se iniciam os debates sobre o assunto. A superação das problemáticas envolvendo a juventude passa pela criação de uma cultura participativa e de uma política de juventude transversal que atinja esta parcela da população considerando suas necessidades específicas. O resultado desta política depende da criação de um órgão específico, mas também de um processo de amadurecimento da sociedade no reconhecimento do jovem enquanto sujeito de direitos.

RONNY CÂMARA
Coordenador-geral do Conselho Municipal de Juventude de Fortaleza
Virar a história da nossa juventude é tarefa urgente para toda sociedade. O que podemos fazer efetivamente para evitar que o quadro de violência cresça e se reproduza? Uma Secretaria da Juventude seria uma excelente e maravilhosa iniciativa em favor dos nossos jovens, no sentido de prevalecer uma mentalidade de liberdade e corresponsabilidade. Numa cultura marcada pela morte, convêm fazer de tudo para se ganhar os nossos jovens, escutando-os com o coração, ajudando a população a se conscientizar da gravidade em que vivemos. É claro que o governo tem que fazer a sua parte, através de políticas, em que se atinja seu objetivo. Devemos sonhar com a cultura da vida e da esperança como palavra de ordem, gerando um clamor em favor da vida ao mesmo tempo em que lamentamos as inúmeras mortes prematuras. Mudanças só virão à medida que a juventude for ouvida, não com os ouvidos, mas com o coração. Só assim poderemos enfrentar essa realidade.

GEOVANE SARAIVA
Pároco de Santo Afonso
O debate sobre o extermínio da juventude brasileira não deve ficar restrito a criação de instâncias institucionais. Em governos anteriores, a existência de uma Secretaria de Juventude não representou o avanço das políticas para este segmento. É necessário fortalecer, estimular e implantar políticas públicas de juventude que combatam as desigualdades econômicas e sociais que afligem os/as jovens. Como mostrou o Mapa da Violência de 2011 (elaborado pelo Instituto Sangari, em parceria com o Ministério da Justiça), são os jovens negros e pobres os que mais morrem. Políticas como o Prouni, Projovem Urbano, Projovem Rural, o CredJovem da Prefeitura de Fortaleza, os Cucas, as Praças da Juventude, as escolas profissionalizantes (a exemplo das 78 criadas no Governo Cid Gomes) são fundamentais para atender as necessidades reais da juventude, promovendo educação, cultura e geração de emprego e renda.

ANTONIO CARLOS
Deputado estadual (PT) e líder do Governo do Estado na Assembleia Legislativa
Depende. Segundo o Mapa da Violência 2010 - Anatomia dos Homicídios no Brasil, as vitimas são principalmente homens entre 15 e 24 anos, negros e pobres, moradores de periferia urbana, de baixo índice educacional. Por motivos culturais, fúteis e banais, eles se matam. A banalização da vida está mudando a índole pacata do brasileiro. Segundo pesquisa do Ibope, encomendada pela CNI, quase metade da população brasileira defende a pena de morte e a prisão perpétua e clama pela redução da maioridade penal para 16 anos. A criação de uma Secretaria da Juventude no âmbito estadual seria efetiva, enquanto política pública, se estiver aliada a oportunidades de educação de qualidade, lazer e emprego. Cabe uma reflexão: tal estado de violência desestimula os estudos ou a escola desestimulante afasta os jovens, com a ociosidade estimulando a violência? A realidade social cruel das comunidades da nossa periferia, dominada pelas drogas, não deixa saída.


Não. A simples criação de uma secretaria da juventude, sem que o Governo do Estado passe a enxergar esse segmento social como prioridade, não tornará as políticas mais efetivas. A experiência da gestão anterior - com uma pasta, ao mesmo tempo, dedicada à Juventude e ao Esporte %u2013 mostrou que as ações governamentais voltadas aos jovens foram bem menos relevantes que as dedicadas às práticas esportivas. Há um risco de que isso ocorra novamente, ou seja, que seja criada uma secretaria sem qualquer peso político. Para que possa ser realmente eficaz, a nova Secretaria das %u201CJuventudes%u201D (haja vista a multiplicidade de seus públicos-alvo) deve assumir a articulação das políticas públicas estaduais relativas ao tema. É preciso, contudo, fazer pressão para que essa secretaria saia do papel. A aprovação do Estatuto da Juventude na Câmara é um sinal da força que os jovens têm quando se organizam.RICARDO MOURA - Jornalista, cientista político e mestre em Políticas Públicas e Sociedade É preciso compreender que o Estado desenvolve todas as suas ações a partir de um orçamento e de um planejamento, delimitados por instrumentos legais; esse mesmo orçamento é a expressão monetária do planejamento. Ao se colocar em valores o planejamento, se evidenciam as prioridades de um governo. A criação de uma Secretaria da Juventude, no âmbito do Governo Estadual é sem dúvida um avanço vital para a consolidação das políticas públicas e ações efetivas na direção de encontrar soluções para os graves problemas enfrentados pelas juventudes do Ceará; como o avanço das drogas, trabalho e renda, qualificação, direito à educação, saúde, moradia, lazer, cultura, enfim. Uma vez que possuiria planejamento e orçamento, próprios. E aqui vale ressaltar a iniciativa já vitoriosa do governo Cid Gomes com a Coordenadoria Estadual de Políticas Públicas para Juventude, que tem se consolidado com instrumento forte na promoção dessas mesmas políticas. JÚLIO CÉSAR FILHODeputado estadual (PTN) e pres. da Comissão da Juventude da Assembleia Legislativa
A criação de órgão específico para atender o público jovem é imprescindível. No entanto, a criação de uma Secretaria não mudará a realidade repentinamente. A maior parte dos problemas enfrentados pelos jovens são frutos de uma construção desigual da sociedade, que marginalizou a juventude e os colocou em situação precária. É necessária a ampliação do debate sobre políticas públicas de juventude, ainda recente no Brasil. Em Fortaleza, é apenas em 2005 que se iniciam os debates sobre o assunto. A superação das problemáticas envolvendo a juventude passa pela criação de uma cultura participativa e de uma política de juventude transversal que atinja esta parcela da população considerando suas necessidades específicas. O resultado desta política depende da criação de um órgão específico, mas também de um processo de amadurecimento da sociedade no reconhecimento do jovem enquanto sujeito de direitos. RONNY CÂMARACoordenador-geral do Conselho Municipal de Juventude de Fortaleza
Virar a história da nossa juventude é tarefa urgente para toda sociedade. O que podemos fazer efetivamente para evitar que o quadro de violência cresça e se reproduza? Uma Secretaria da Juventude seria uma excelente e maravilhosa iniciativa em favor dos nossos jovens, no sentido de prevalecer uma mentalidade de liberdade e corresponsabilidade. Numa cultura marcada pela morte, convêm fazer de tudo para se ganhar os nossos jovens, escutando-os com o coração, ajudando a população a se conscientizar da gravidade em que vivemos. É claro que o governo tem que fazer a sua parte, através de políticas, em que se atinja seu objetivo. Devemos sonhar com a cultura da vida e da esperança como palavra de ordem, gerando um clamor em favor da vida ao mesmo tempo em que lamentamos as inúmeras mortes prematuras. Mudanças só virão à medida que a juventude for ouvida, não com os ouvidos, mas com o coração. Só assim poderemos enfrentar essa realidade.GEOVANE SARAIVAPároco de Santo Afonso
O debate sobre o extermínio da juventude brasileira não deve ficar restrito a criação de instâncias institucionais. Em governos anteriores, a existência de uma Secretaria de Juventude não representou o avanço das políticas para este segmento. É necessário fortalecer, estimular e implantar políticas públicas de juventude que combatam as desigualdades econômicas e sociais que afligem os/as jovens. Como mostrou o Mapa da Violência de 2011 (elaborado pelo Instituto Sangari, em parceria com o Ministério da Justiça), são os jovens negros e pobres os que mais morrem. Políticas como o Prouni, Projovem Urbano, Projovem Rural, o CredJovem da Prefeitura de Fortaleza, os Cucas, as Praças da Juventude, as escolas profissionalizantes (a exemplo das 78 criadas no Governo Cid Gomes) são fundamentais para atender as necessidades reais da juventude, promovendo educação, cultura e geração de emprego e renda.
ANTONIO CARLOSDeputado estadual (PT) e líder do Governo do Estado na Assembleia Legislativa
Depende. Segundo o Mapa da Violência 2010 - Anatomia dos Homicídios no Brasil, as vitimas são principalmente homens entre 15 e 24 anos, negros e pobres, moradores de periferia urbana, de baixo índice educacional. Por motivos culturais, fúteis e banais, eles se matam. A banalização da vida está mudando a índole pacata do brasileiro. Segundo pesquisa do Ibope, encomendada pela CNI, quase metade da população brasileira defende a pena de morte e a prisão perpétua e clama pela redução da maioridade penal para 16 anos. A criação de uma Secretaria da Juventude no âmbito estadual seria efetiva, enquanto política pública, se estiver aliada a oportunidades de educação de qualidade, lazer e emprego. Cabe uma reflexão: tal estado de violência desestimula os estudos ou a escola desestimulante afasta os jovens, com a ociosidade estimulando a violência? A realidade social cruel das comunidades da nossa periferia, dominada pelas drogas, não deixa saída.
ÂNGELA MARINHOJornalista da Agência da Boa Notícia
ÂNGELA MARINHO
Jornalista da Agência da Boa Notícia

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