26 de agosto de 2011

Mais da metade dos alunos não sabe resolver operações matemáticas básicas


26 de agosto de 2011
Educação no Brasil | O Globo | O País | BR




Prova aplicada no ensino fundamental mostra também diferenças regionais

Adauri Antunes Barbosa adauri@sp.oglobo.com.br
SÃO PAULO. Resultados de um teste aplicado em seis mil alunos de todas as capitais e do Distrito Federal mostram que 57,2% dos estudantes do 3 º ano do ensino fundamental - a antiga 2ª série - não conseguem resolver problemas básicos de matemática, como soma ou subtração. Inédita no país, a Prova ABC também avaliou a aprendizagem de leitura e escrita.
- A dificuldade é na hora de fazer a conta do "vai um" - explicou ontem, em São Paulo, durante a divulgação dos resultados, o professor Rubem Klein, da Fundação Cesgranrio, referindo-se à soma de números superiores a uma dezena.
A Prova ABC, ou Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização, foi realizada pelo movimento Todos Pela Educação, em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a Fundação Cesgranrio e o Instituto Paulo Montenegro/Ibope. O teste foi aplicado no início deste em estudantes de 250 escolas, conforme a proporção em cada rede (privada, estadual e municipal).
Em matemática, a média nacional de alunos do terceiro ano (2ª série) que aprenderam o esperado foi de 42,8%, o que significa que 57,2% não sabem o mínimo adequado para este período do aprendizado. As escolas privadas tiveram média de 74,3%, e as públicas, de apenas 32,6%, uma diferença de 41,7 pontos percentuais.
- Temos de levar em consideração que os professores dessas primeiras séries são formados em Pedagogia, curso que atrai pessoas de classes mais baixas e que não tiveram boa formação em matemática. É um ciclo vicioso que precisa ser rompido - analisou o professor Paulo Horta, do Inep.
Teste de leitura: 43,9% não aprenderam o suficiente
A média nacional na prova de leitura foi 56,1%. Isso quer dizer que o restante, ou seja, 43,9% dos alunos, não aprenderam o suficiente. O índice dos que aprenderam o esperado chegou a 79% nas escolas particulares. Já nas públicas ficou em 48,6%.
Em escrita, o índice nacional dos que aprenderam o esperado caiu para 53,4%, ou seja, 46,6% não tiveram o aprendizado adequado. Nas escolas privadas, o aproveitamento foi 82,4%; nas públicas, 43,9%.
- Mesmo com um índice melhor das escolas privadas, que são o objetivo dessa nova classe média para os seus filhos, elas não chegaram a 100%. E 100% significa apenas o que é esperado que as crianças tenham aprendido. No geral, a Prova ABC mostrou que as crianças que frequentam os três primeiros anos da escola não estão tendo garantido o direito básico que tem à aprendizagem - observou a diretora-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.
Assim como em outros índices da educação brasileira, o desempenho dos alunos do Sul e do Sudeste superou na Prova ABC os resultados das crianças do Norte e Nordeste, conforme o modelo do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A nota média nacional em matemática foi 171,07 (o desejado era 175), mas no Sul chegou a 185,64 e, no Sudeste, a 179,06. Por outro lado, foi bem menor no Norte (152,62), no Nordeste (158,19).
Regionalmente ainda os resultados da prova de leitura, conforme a escala Saeb de 175 pontos, não foram diferentes. No Sul a média foi 197,93, enquanto no Nordeste chegou a 167,37, uma diferença de 30 pontos. No Centro-Oeste a nota foi 196,57, no Sudeste 193,57 e no Norte 172,78.
Na prova de escrita - cuja nota média para um nível de aprendizagem considerado exitoso é 75, em uma escala de 0 a 100 - o Sudeste atingiu a média de 77,2 - uma diferença de 27 pontos em relação aos 50,2 do Nordeste.
Média nas escolas privadas foi 211; nas públicas, 158
A metodologia da Prova ABC leva em conta a mesma escala Saeb, responsável por compor a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que é o principal indicador de qualidade da educação do país. Nessa prova, como no Saeb, os alunos precisaram obter um resultado igual a 175 pontos para que o aprendizado equivalente ao terceiro ano (ou segunda série) seja considerado suficiente. Na prova escrita, no entanto, que foge do padrão Saeb, a nota média considerada de bom desempenho foi 75.
Por nota, a média nacional em matemática foi 171,1 (211,2 para a escolas privadas e 158 para as públicas. Na prova de leitura, a nota média do país foi 185,8 (216,7 para as particulares e 175,8 para as públicas). Com outra escala de pontos, na prova escrita a nota média foi 68,1 (86,2 na rede privada e 62,3 na pública).
Em matemática, para conseguir os 175 pontos, as crianças teriam que demonstrar domínio de soma e subtração resolvendo problemas envolvendo, por exemplo, notas e moedas. Na prova de leitura, os alunos deveriam identificar temas de uma narrativa, identificar características de personagens em textos, como lendas, fábulas e histórias em quadrinhos, e perceber relações de causa e efeito nas narrativas Já na escrita foram exigidas três competências: adequação ao tema e ao gênero, coesão e coerência e registro (grafia, normas gramaticais, pontuação e segmentação de palavras).

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