26 de junho de 2011

Pavor da escola : bullying e homofobia


26 de junho de 2011
Educação no Brasil | Diário de Pernambuco | Brasil | PE




Valsa pela diversidade
Bruna* tornou-se vítima de bullying depois que ela rejeitou um garoto de sua turma por gostar de meninas. Imagem: BRUNA MONTEIRO/ESP. DP/D.A. PRESS - 27/7/10
Um levantamento inédito, feito com base no questionário socioeconômico do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), entre 2004 e 2008, mostra um crescimento de 150% do número de pessoas que se declaram vítimas de homofobia no Brasil. O índice nacional não é o maior apontado pela pesquisa. De acordo com o levantamento, Santa Catarina registrou o maior aumento de casos de discriminação contra homossexuais, 211% entre 2004 e 2008. Outros quatro estados brasileiros apresentaram um alto índice de crescimento da homofobia, são eles: Paraná (175%), Rio Grande do Norte (162,5%) e Alagoas (164,7%) e São Paulo (160%).
Foram analisadas as respostas de 6,4 milhões de estudantes concluintes do ensino médio, com idades entre 16 e 25 anos, que prestaram o Enem entre 2004 e 2008. Após esse ano, as questões relativas à homofobia foram retiradas dos questionários.
Para especialistas em diversidade sexual, o aumento da homofobia está relacionado à maior consciência da discriminação por parte das vítimas - o que faz aumentar as denúncias. Outra hipótese relaciona o crescimento da discriminação ao maior número de adolescentes que assumem a sua homossexualidade desde cedo. "As escolas precisam ensinar o valor das pessoas não por serem gays ou lésbicas, mas como humanos, simplesmente", defende Josafá Cunha, da Unicentro, um dos pesquisadores. "As escolas devem ensinar que a única diferença entre homos e heterossexuais é a orientação do desejo", afirma Sandra Vasques, psicóloga especializada em sexualidade humana.
O problema é que a discriminação e a violência causada pela intolerância à diversidade sexual fazem da escola um ambiente muito menos acolhedor. Em uma escala de zero a dez pontos, a percepção da qualidade do ensino foi, em média, meio ponto maior entre os que não relataram perseguição homofóbica na pesquisa.
Sofrimento
Vítima de um garoto que não aceitou sua orientação sexual, a estudante Bruna (nome fictício), de 16 anos, estudante de uma escola particular no Recife, chegou até a sofrer violência física e verbal. Consciente da dificuldade, e com o difícil apoio da família através de uma única tia, ela reconhece as dificuldades de manter uma relação com uma pessoa do mesmo sexo e poder desenvolver amizade normal com seus amigos. "A minha namorada ainda sofre preconceito por não se assumir publicamente. Mas, temos que seguir em frente e nos ajudar", frisou.

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