12 de abril de 2011

Violencia oculta: Mapa da violencia no Brasil

12 de abril de 2011
 Folha de Boa Vista |

Maria Soares de Camargo * Fechamos a semana sob o estigma da violência, no impacto causado pela tragédia do assassinato de adolescentes em Realengo, no Rio de Janeiro. O Brasil todo se comoveu com as cenas mostradas pela TV, com o pavor das crianças, o desespero dos pais... Em que pese ter sido o crime cometido, segundo especialistas, por um esquizofrênico, a questão da violência foi amplamente apresentada e debatida nos meios de comunicação social.
Havíamos acabado de saber de um dado animador para Roraima, relativo ao Mapa da Violência apresentado pelo Ministério da Justiça, divulgando pesquisa realizada pelo Instituto Sangari relativamente aos índices de violência sobre a população juvenil. O Estado subiu da quarta posição que obtivera em 1998 para a 16ª posição em 2008. A queda do número de homicídios foi maior na Capital, que passou, de acordo com a referida pesquisa, a ser considerada a quarta capital mais tranquila do Brasil.
Em Boa Vista, coincidentemente, a Prefeitura realizou, também na semana passada, o I Seminário Municipal de Prevenção à Violência, reunindo profissionais de instituições públicas e da sociedade civil. Os índices de violência foram considerados desfavoráveis, enfatizando-se a necessidade do envolvimento dos cidadãos e cidadãs em ações preventivas.
Nada que se compare, é claro, às grandes metrópoles brasileiras e, sobretudo, ao drama que vem sendo vivido pelos adolescentes feridos e famílias enlutadas do Rio de Janeiro. Fala-se em reforçar a segurança das escolas. Como fazê-lo? Os colégios particulares mantêm dispositivos de segurança impressionantes. Mas, e as escolas públicas dos bairros populares? Terão que dispor cada uma de um policial militar de plantão? No caso da escola de Realengo, teria sido inútil, pois o assassino lá entrou por ter sido reconhecido por uma professora como seu ex-aluno.
Para além da fatalidade, imprevisível, há fatores que a sociedade pode prevenir, como ocorre em países menos desiguais e com melhor nível de integração social. Por exemplo, a estabilidade nas relações familiares, com o apoio necessário para que todas as famílias tenham condições dignas de vida; a atenção individualizada aos alunos nos estabelecimentos escolares, que, evidentemente, precisam dispor de recursos à altura de sua missão civilizatória.
No entanto, enquanto se fala de políticas públicas de prevenção à violência, escolas no sul do Estado encontram-se paradas já há certo tempo, em virtude da paralisação dos funcionários terceirizados. Estes não recebem salários há três meses e, por sua vez, as empresas alegam não receber o repasse do Governo do Estado desde o ano passado. A falta de merenda, ou refeições constituídas apenas de bananas, tem o mesmo histórico.
Como não se insurgir contra essa violência? Violência oculta, que certamente terá peso em ações violentas visibilizadas que, infelizmente, ainda vamos presenciar em Roraima.
* Missionária na Diocese de Roraima - maria.soarescamargo@gmail.com

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