8 de abril de 2011

O bullying no Brasil e no mundo

l 08/04/2011 -

As agressões psicológicas a que Wellington Menezes de Oliveira teria sido submetido podem ter contribuido para o massacre em Realengo. No Brasil, um em cada três estudantes de 14 anos diz já ter sofrido bullying
Redação Época

Um dia depois do massacre na escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio, surgem indícios de que o bullying – agressão física e verbal sistemática à qual uma pessoa é submetida –é um dos fatores contribuintes para o crime. Colegas de classe afirmaram que o assassino, Wellington Menezes de Oliveira assassino, ex-aluno da escola Tasso da Silveira, era vítima de bullying e que um colega chegou a fazer a macabra previsão de que um dia ele "mataria muita gente".

Há algumas semanas, ÉPOCA publicou um balanço sobre o bullying no Brasil e no mundo junto a uma reportagem que contando a história do garoto australiano Casey Heynes. Heynes era a estrela de um vídeo no qual, após um dos vários episódios de bullying ao qual foi submetido, revidou, agredindo o colega de classe que havia batido nele.
A reportagem é a que se segue abaixo:

   Reprodução
VÍTIMA
O estudante Casey Heynes, em entrevista a uma TV. Ele disse sofrer agressões na escola quase todos os dias
A história do garoto australiano que ganhou fama na internet e nas redes de TV do mundo inteiro por revidar uma agressão de um colega da escola poderia ter tido um final trágico. Aos 14 anos, Casey Heynes sofria o mesmo tipo de agressão física e verbal que sofrem milhões de crianças e adolescentes em escolas de todo o mundo. Sistematicamente e sem motivo, era atacado física e verbalmente por colegas apenas por ser gordo. Até que, numa espécie de catarse (como mostra o vídeo que virou hit on-line), Heynes contra-ataca seu algoz, o franzino Richard Gale, de 13 anos. O revide foi de tal ordem que poderia ter quebrado o pescoço de Gale. Era a vingança das vítimas de perseguição – especialmente dos gordinhos, que, segundo uma pesquisa americana, têm 60% mais chance de ser atacados.
A prática da perseguição repetida – conhecida pelo termo inglês bullying – é tão antiga quanto a própria escola. Mas só começou a ser estudada como fenômeno com consequências dramáticas a partir da década de 70. De lá para cá, o que era tratado como brincadeira normal de criança virou uma questão tão séria que, em alguns países, como nos Estados Unidos, é considerada assunto de saúde pública.
O próprio Heynes, em entrevista a uma rede de TV australiana, mostrou a exata medida do sofrimento de uma vítima de bullying. “Pensei em me suicidar”, disse. Ele contou que era alvo dos colegas desde o 2o ano do ensino fundamental. “Eles me chamavam de gordo, me davam tapas na nuca (...). Praticamente todos os dias.” Felizmente, a única consequência foi uma suspensão de quatro dias para ambos.
   Reprodução

O revide é justificável? Não há consenso entre psicólogos e educadores. Alguns acreditam que sofrer as agressões em silêncio estimula o agressor a repetir seus atos, além de arrasar a autoestima da vítima. Por isso, o revide poderia ser saudável. Se for frequente, funcionaria como uma bomba de pressão cuja válvula é aberta de pouco em pouco, em vez de acumular raiva até uma explosão desastrosa. Mas há quem argumente que o revide apenas intensifica a perseguição. A saída ideal seria denunciar o bullying à escola e aos pais dos envolvidos e promover ações que modifiquem a cultura em que a perseguição floresce.
O bullying ganhou maior atenção das escolas, pais e até de governos quando a violência praticada nos corredores e pátios escolares começou a desencadear reações muito mais violentas e radicais que a de Heynes. Como a dos colegas Eric Harris e Dylan Klebold, que, no dia 20 de abril de 1999, entraram na escola em que cursavam o ensino médio, o Instituto Columbine, nos Estados Unidos, mataram 14 pessoas, deixaram outras 23 feridas e cometeram suicídio.
No Brasil, onde um em cada três estudantes já sofreu bullying, houve um caso parecido em 2003, na cidade de Taiúva, em São Paulo. Um ex-aluno de 18 anos atirou em sete pessoas e depois se matou na escola onde estudava. Na ocasião dos crimes, a polícia considerou o bullying como um dos principais motivadores dos assassinatos.
Epoca

2 comentários:

  1. Infelizmente as escolas particulares no Brasil pouco se posicionam sobre o fato, não querem criar problemas para os donos da escola, nem convidar o agressor a se retirar da escola. Passei por esse problema com minha filha e acho que toda informação faz diferença. A grande questão e dificuldade, na minha opinião são os pais omissos, não querem se dar ao trabalho de acompanhar e colocar limites em seus filhos. Acredito que as escolas devem dar um "choque de ordem" com explicações claras a respeito do Bullying e suas consequências judiciais. Porque quando nossos filhos estão dentro da escola é de responsabilidade da instituição o bem-estar de nossos filhos. Só consegui resolver o problema quando fui direto ao dono da escola, isso porque as coordenadoras não querem mostrar ao dono que são incopetentes. Lamentavel, porém resolvido.

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  2. Esse texto me ajudou muito vou continuar entrando aqui .Obrigado

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