27 de fevereiro de 2011

Uma morte a cada dez minutos

 Revista Veja | Brasil | BR




Queda, só no Sudeste, entre 1998 e 2008, o número de homicídios aumentou em quase todo o Brasil - as exceções foram Rio e São Paulo.
Estudo mostra que os homicídios cresceram em quatro das cinco regiões brasileiras.
  O número de homicídios no Brasil cresceu 19% na comparação entre os anos de 1998 e 2008 Ao longo dessa década, 521 822 pessoas foram mortas no país, o que resulta na estarrecedora média de um assassinato a cada dez minutos A violência cresce em quatro das cinco regiões brasileiras. A exceção do Sudeste São Paulo passou de 14001 homicídios para 6118 nesse período - uma queda de 56%. Para isso, valeu-se de uma política de segurança publica objetiva e contínua, que vem sendo mantida há mais de uma década "São Paulo iniciou um processo sustentável de combate à violência Essa opção política não se repetiu em outros estados" diz o pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, orgarnizador do estudo que compilou esses números, o Mapa da Violência 2011.
No fim da década de 90, o então governador Mano Covas definiu as diretrizes que até hoje orientam seus sucessores repressão ostensiva, desarmamento de bandidos e distribuição de forças pautada por critérios de inteligência. Em 1999, surgiu o Infocrim. um sistema de computador que aluda a polícia a identificar qual a rua onde mais se roubam carros ou a área em que mais se mata, por exemplo.
Com base nesse tipo de informação, ficou mais fácil definir os locais onde a repressão ostensiva merece carga máxima, Datam daquele período também as primeiras iniciativas de desarmamento maciço de bandidos por meio de bandas policiais em ruas e bares.Recentemente, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que a cada dezoito armas retiradas das mãos de assaltantes uma vida e poupada A prioridade do estado em combater a violência também se reflete no investimento na área de segurança.Com o salto de 2,5 bilhões de reais, no inicio da década de 90, para os atuais 12 bilhões de reais, a eficiência, claro aumentou. O Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) por exemplo, que solucionava apenas 20% dos casos em 2001 esclareceu 66% deles em 2010. A polícia de São Paulo também prende mais bandidos do que as outras. Apesar de concentrar 22% da população brasileira, o estado abriga em seus presídios 35% dos detentos do pais. Isso é fundamental para conter a criminalidade. Bandido dentro da cadeia significa bandido fora da rua.
No Rio, as mortes também caíram, mas em ritmo diferente. A redução começou em 2007 com o ínicio da retomada de territórios dominados pelo trafico e da adoção de um modelo planejado de repressão ao crime. No ano passado, o Rio conseguiu romper uma barreira histórica. Foi a primeira vez, desde 1991, que menos de 5000 pessoas foram mortas no estado. A experiência das Unidades de Polícia Pacificadora nos morros se mostrou positiva, assim como o sistema de bonificação aos policiais que reduzem os indices de violência em sua área de atuação Já nas remães Norte e Nordeste a situação nunca foi tão grave. O número de mortes mais do que dobrou no penodo da pesquisa. O endurecimento da repressão em São Paulo e no Rio e o crescimento econômico daquelas regiões, com a consequente atração que ele provoca em quadrilhas de narcotraficantes, são algumas das explicações para o fenômeno. Muitos bandidos migraram para lá e atrás deles seguiu a violência. Combatê-la com sucesso, como mostram os exemplos de São Paulo e do Rio, é, sim, uma decisão política.
FAC-SÍMILES
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