14 de dezembro de 2010

PISA 2009 y Brasilia

MEC destaca evolução da pontuação nacional no Pisa


Estudantes da mesma faixa etária dos que fizeram o teste, Luis Felipe, Fábio e Ana Luiza avaliam os resultados: país precisa investir mais em educação
Estudantes da mesma faixa etária dos que fizeram o teste, Luis Felipe, Fábio e Ana Luiza avaliam os resultados: país precisa investir mais em educação
Porém, índice que mede a capacidade dos alunos em 65 países mostra o Brasil na 53ª colocação, atrás de Trinidad e Tobago e da Tailânida. DF tem melhor número do país.

Ainda há incontáveis desafios e exatamente 52 países a serem superados para que o Brasil ocupe a melhor posição na educação mundial pelo menos segundo o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), realizado a cada três anos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2009, dos 65 países avaliados em três áreas de conhecimento leitura, matemática e ciências , o Brasil ocupou a 53ª posição, com 401 pontos, muito próximo, por exemplo do Cazaquistão (399). O primeiro lugar ficou com a China (feita só em Xangai), que conquistou 577 pontos e o último, com o Quirziquistão (325 pontos). No Brasil, a avaliação foi feita em 20 mil alunos de todos os estados, revelando desigualdade regional. O Distrito Federal foi a unidade da Federação com a maior pontuação (439 pontos), uma classificação que o colocaria com uma educação igual à do Chile, e à frente de nações como México, Tailândia e Uruguai.

Apesar de ocupar um dos últimos lugares na tabela geral, o governo comemorou a posição do Brasil em uma outra tabela, a que analisa a melhora de pontuação desde a criação do sistema, em 2003. Isso porque, de acordo com o Pisa, o Brasil foi o terceiro país com a maior evolução no programa, com uma diferença de 33 pontos entre os quatro exames em 2000, foram contabilizados 368 pontos. É inegável que o último triênio foi bom para o Brasil. Nossa meta em 2009 era 395 pontos e nós atingimos 401 pontos na média das três disciplinas, o que nos garantiu superar alguns países que estavam à frente do Brasil, o caso da Argentina , afirmou Haddad em entrevista ao Correio. A média conquistada na avaliação pelos países da OCDE foi de 496 pontos.

O Pisa avaliou 470 mil estudantes de todo o mundo, nascidos em 1993. Os colegas Luis Felipe Marçal, Fábio Vargas e Ana Luiza Marrara, de 17 anos, ao se depararem com os resultados da avaliação, se posicionaram entre a comemoração e a cobrança. É estimulante saber que estamos (o DF) com a melhor posição do Brasil. Mostra que estamos fazendo nossa parte. Agora é não deixar a bola cair , comenta Fábio. Luis, por outro lado, retruca: Mas o Brasil ainda está muito atrás. O governo não pode achar que está bom. Tem que investir, e também tentar mudar a postura, a cultura. O brasileiro é muito indisciplinado. E para ser bom em educação, tem que dar educação desde pequeno , defende. Ana Luiza concorda: Tem gente que vai para o ensino médio para tentar aprender coisas do ensino fundamental .

No Brasil, a melhor pontuação foi obtida na avaliação de leitura (412 pontos), seguida por ciências (405) e matemática (386). Desde 2000, o maior avanço foi em matemática (52 pontos a mais) e o pior, em leitura (16).

Os números trazem ainda uma avaliação qualitativa que preocupou especialistas. Um exemplo é o fato de que quase metade dos avaliados contam apenas com um grau mínimo de habilidade de leitura. O sociólogo e ex-representante da Unesco no Brasil Jorge Werthein destaca: Muitos avaliados encontram-se em um nível 1 de leitura. Ou seja, são incapazes de uma leitura elaborada. E esse é também um problema universal. Uma pesquisa nos mostra que o que esses estudantes mais leem são, em primeiro lugar, mensagens de texto, em segundo, e-mails e, em terceiro, textos na internet. É preciso urgentemente incentivar o hábito da leitura , constatou.

O pesquisador enfatizou a posição de destaque do Distrito Federal, defendendo que ela tem relação mais com a gestão da educação do que com as condições socioeconômica da população. Há muitos países com uma renda inferior à do Brasil e que conquistaram um melhor resultado. O Distrito Federal, por outro lado, está à frente de muitos países. Essa relação nos mostra que o resultado não tem relação direta com renda, e sim com investimentos que passam não apenas pelo aumento do orçamento. O principal agente de melhoria é o professor , analisou. De acordo com o estudo, as mulheres são melhores avaliadas do que os homens e, em relação às dependências, os melhores resultados estão nas escolas públicas federais e, os piores, nas escolas públicas não federais.

Leia entrevista com ministro da Educação, Fernando Haddad, comentando resultados do Pisa.

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