9 de dezembro de 2010

PISA 2009 e o Brasil

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Educação melhora, mas situação é crítica

Realizado a cada três anos, o Pisa, Programa Internacional de Avaliação de Alunos, funciona como eficiente indicador da capacidade que um grupo representativo de países, entre eles os mais importantes do planeta, terá de competir num mundo cada vez mais globalizado, a partir do nível de preparo de seus profissionais e mão de obra de forma geral que entrarão no mercado de trabalho dentro de cinco a dez anos, a depender da profissão de cada um.
E, como tem acontecido em outros exames, o Brasil, visto no Pisa, está em posição precária, embora demonstre algum avanço, determinado, não há dúvida, pela decisão do segundo governo Lula de envolver, enfim, o Executivo federal na luta decisiva para melhorar a baixa qualidade do ensino público básico. Tem tido também papel importante nesta luta a mobilização da sociedade.

Mas ainda não basta - é o que alerta este último Pisa, programa idealizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Quando começou a participar do Pisa, há dez anos, o Brasil foi o lanterna entre 45 países. Já no ano passado, os estudantes brasileiros todos os examinados têm 15 anos de idade, entre o fim do ciclo fundamental e o início do médio conseguiram uma média 33 pontos superior àquela, o terceiro maior salto no exame, atrás apenas de Chile e Luxemburgo.

Esta é a boa notícia. A má - a que deve ser levada em conta por autoridades, educadores, pela sociedade é que o Brasil ficou em 53ºlugar num universo de 64 países. Deixou de ser o lanterna, mas continua longe de um desempenho minimamente aceitável.

Depois de lançar o Fundeb, o Programa de Desenvolvimento da Educação, para auxiliar estados e municípios nesta guerra, e criar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), foi estabelecida a meta de o Brasil obter em 2021 a nota média por estudantes de países desenvolvidos. Hoje, seria obter ao todo 477 pontos no Pisa, contra os atuais 401.

O próprio ministro da Educação, Fernando Haddad, reconhece que, com a atual dotação de recursos (5% do PIB), a meta não será atingida. Segundo ele, o ideal é antecipar a canalização para o setor dos 7% do PIB estimados apenas para 2020.

A decisão é política, e dela depende o próprio futuro da nação. Quem é obrigado a se valer de uma série de serviços prestados por funcionários de nível médio ? call centers, por exemplo há tempos já sofre os efeitos da baixa qualidade da educação pública básica. E a tendência é piorar.

Não há fórmula desconhecida para desobstruir os gargalos da educação brasileira. Os alunos das poucas escolas públicas federais brasileiras, por exemplo, avaliados pelo Pisa, somaram 528 pontos acima da média do exame, de 496, um ponto apenas abaixo dos estudantes japoneses, situados em sexto lugar no ranking mundial. Estes estudantes brasileiros foram mais bem avaliados que canadenses, australianos, suíços, alemães, ingleses... Em síntese, que se replique o sistema destas escolas federais país afora.

Mas, sem recursos, nada feito. A presidente Dilma lista a educação entre suas prioridades. Cumprir a promessa implica, na fase de ajuste fiscal que se anuncia, remanejar recursos para salvar o futuro da nação. Ainda é tempo.

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Sem mais recursos orçamentários,meta não será atingida

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