12 de dezembro de 2010

PISA 2009 e a China

China brilha em exame e deixa Ocidente para trás

International Herald Tribune
Resultado no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que testou estudantes de 15 anos, preocupa Estados Unidos e países europeus

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) mostrou que os adolescentes de Xangai são os melhores do mundo. Isso levou autoridades de vários países a questionar seus sistemas educacionais e o ministro da Educação da Grã-Bretanha a prometer uma revisão do método de prova adotado nas escolas.

Os resultados da pesquisa, divulgados na terça-feira, também foram definidos como um "toque de despertar" pelo secretário da Educação dos EUA.

O Pisa, realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico ( OCDE), sediada em Paris, é um conjunto de testes padronizados, que avalia compreensão de leitura, matemática e ciências e é realizado por meio milhão de jovens de 15 anos em 65 países.

Funcionários americanos e europeus que administram o teste reconheceram que os resultados obtidos em Xangai - um centro industrial com 20 milhões de habitantes e dezenas de universidades que atrai os melhores estudantes do país - são indiscutivelmente representativos da situação em toda a China. Mas também contribuíram para subverter alguns preconceitos sobre educação escolar.

"Dois países que se encontram em patamares semelhantes de prosperidade podem apresentar resultados muito diferentes", disse Angel Gurría, secretário-geral da OCDE. "Isso mostra que a imagem de um mundo dividido nitidamente entre países ricos e de alto nível educacional e pobres e de baixa escolaridade está ultrapassada."

Na Grã-Bretanha, onde os resultados indicaram que os estudantes estão num nível inferior ao dos da Estônia e da Eslovênia, o ministro da Educação, Michael Gove, prometeu tornar o sistema de avaliação mais rigoroso, tomando como referência testes realizados na China e na Coreia do Sul.

"Outras regiões e nações conseguiram elevar o nível de todos os estudantes. Criaram oportunidades mais igualitárias, democratizaram o acesso ao conhecimento e enfatizaram padrões mais elevados", completou.

Na Alemanha, houve sensação de alívio, pois as autoridades notaram que, nos últimos anos, as crianças apresentaram um progresso constante no estudo para o Pisa. Mas as críticas persistem.

"A Alemanha melhorou sua posição de "horrenda" para "média". Pelo menos estamos satisfeitos com essa melhora", disse Ulla Burchardt, presidente do comitê para a educação do governo alemão, em entrevista a uma rádio. "Mas não acredito que haja motivos para comemorar, e sim para uma contínua reflexão. Estamos lutando no que se refere à capacidade de ler e escrever".

Luc Chatel, o ministro da educação da França, disse que o estudo mostrou que a França esteve, em geral, "na média da OCDE, mostrando-se estável em relação a estudos anteriores".

Ele salientou dois "pontos significativamente fracos" na educação francesa destacados pelo estudo. Em primeiro lugar, a polarização do desempenho; o sistema francês não conseguiu aumentar seu número de alunos de alto nível, mas sim o dos que têm dificuldades. Em segundo lugar, citou uma deterioração da capacidade dos jovens de famílias pobres de continuarem os estudos por um período maior. "É um sinal de advertência para que nos mobilizemos e passemos para a ação", disse Chatel.

O francês acrescentou que, até o final de janeiro, o governo anunciará um plano para melhorar a educação na área de ciências e as oportunidades de experiência de trabalho para os estudantes.

A pesquisa mostrou que Finlândia e Coreia do Sul estão muito à frente dos EUA em leitura, matemática e ciências, provocando duras críticas do secretário da Educação americano, Arne Duncan.

"Sei que os céticos pretenderão contestar os resultados, mas na nossa opinião eles são precisos e confiáveis e devemos considerá-los um desafio", disse. "Podemos sofismar ou podemos encarar a verdade nua e crua de que nossa formação escolar está se tornando péssima."

Igualdade. Outra constatação do Pisa é que os melhores sistemas educacionais são os mais equitativos - em que os alunos apresentam desempenho bom independentemente da extração social.

O relatório inclui dados sobre a integração nos diferentes países dos filhos de imigrantes, bem como as discussões sobre a influência do número de alunos nas classes, do salário dos professores e do grau de responsabilidade incutido nos estudantes. Mas por enquanto, as nuances devem se perder em previsões sobre o declínio coletivo da educação ocidental. / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA

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