12 de outubro de 2010

A Educação no Brasil II

País precisa reavaliar as políticas sociais


Marcelo Rehder
Na opinião de especialistas, governo tem de focar nos desempregados de menor renda

O aumento do desemprego entre as populações mais pobres reflete a necessidade de mudanças nas políticas sociais, de qualificação e de elevação de escolaridade no Brasil, dizem os especialistas em mercado de trabalho. Para o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, há necessidade de uma integração das políticas do Ministério do Trabalho com o Ministério de Desenvolvimento Social e o Ministério da Educação.

"O governo precisa reorientar suas políticas para os desempregados de menor renda, que enfrentam mais dificuldade e concentram cada vez mais o desemprego do País", defende Pochmann.

De acordo com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, a principal questão em discussão atualmente dentro da organização é justamente como ampliar e melhorar o processo de geração de empregos no País. "Não queremos só mais empregos, queremos mais e melhores empregos", defende o sindicalista.

Para ter melhores empregos, ele afirma que é preciso não somente aumentar a renda dos trabalhadores, mas também ter um projeto claro de articulação do sistema público de emprego no País, que integre também as iniciativas das empresas privadas e das centrais sindicais.

"Não dá para ter três, quatro, cinco iniciativas separadas para atingir um mesmo objetivo", afirma o presidente da CUT. "Hoje, com a informática se consegue ter um banco de dados de várias origens e a pessoa não precisa ficar pulando de galho em galho para procurar emprego."

Qualificação profissional. Na opinião de Artur Henrique, melhorar a qualidade do emprego significa investir em qualificação profissional, criar oportunidades de emprego para jovens e para pessoas de baixa renda que não tiveram condições de frequentar uma escola para se preparar e se qualificar.

"Não vai ser fazendo cursinho de 80 horas que se vai resolver o problema de qualificação profissional dos trabalhadores", defende o sindicalista.

O economista José Márcio Camargo, da PUC-Rio, diz que só existe uma forma de atacar o problema. "É educando a população, principalmente os mais jovens."

Na sua avaliação, o Brasil dá muito pouca importância à questão educacional e seria essa falta de prioridade na educação que leva a esse tipo de problema enfrentado pelos desempregados de baixa renda.

Desigualdade no ensino. Camargo afirma que o problema hoje se resume em diminuir a desigualdade da qualidade do sistema educacional brasileiro. Para ele, o sistema tem escolas muito boas e escolas muito ruins, com muita desigualdade na distribuição.

Seria fundamental, na visão de Camargo, melhorar a qualidade das escolas públicas no País, principalmente a pré-escola, o ensino fundamental e o ensino médio. No longo prazo, só tem essa solução, afirma o economista da PUC-Rio.

"Na maioria dos países o gasto é maior no ensino pré-escolar e fundamental do que no ensino superior. Mas, o governo brasileiro gasta sete vezes mais por aluno do ensino superior do que por aluno do ensino fundamental e do pré-escolar", ressalta o economista.

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