15 de abril de 2010

VIOLENCIAS NAS ESCOLAS

O Estado de S. Paulo

Um novo termo para um
velho problema


Aprender sem medo é direito de todas as crianças, disse Cléo Fontes, coordenadora da pesquisa da Plan Brasil. E ninguém contesta essa declaração. O termo "bullying", em compensação, provoca polêmicas.

Na pesquisa, ele foi empregado para descrever agressões físicas ou verbais recorrentes e sem motivos - além do preconceito contra alguém diferente - entre colegas de escola. Pela metodologia empregada, "recorrente" significou no mínimo três vezes em um ano letivo. Não entraram na conta agressões contra um professor ou funcionário da escola. Ficam de fora ainda as violências provocadas por desentendimentos pontuais entre os alunos.

Mesmo com tantas restrições, os números de agressores e agredidos assustam. Por ser um fenômeno de caráter social - o agressor o pratica em geral para ganhar status perante os colegas de escola -, os números de participantes indiretos devem ser bem maiores.

O argumento para se fazer um estudo sobre o bullying é justamente o fato de ser um problema grave, que acarreta prejuízos à aprendizagem e à formação psicológica das crianças, mas ainda pouco estudado. Esta foi a primeira pesquisa nacional sobre o fenômeno, que teve impulso com a internet - fotos feitas pelo celular e campanhas em sites de relacionamento são novas armas de agressão.

Mas por que separar o bullying das outras violências no ambiente escolar? Para Miriam Abramovay, que já fez estudos sobre violência nas escolas para Unesco, Banco Mundial e Unicef e hoje coordena o setor de pesquisas da Ritla, não deveria haver distinção. "Chamar de bullying parece um abrandamento", diz.

Na verdade, bullying é um termo novo para um antigo problema das escolas que ainda não foi resolvido.

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